O secretário-geral do PCP admitiu hoje integrar candidatos autárquicos nas listas da CDU para as eleições legislativas, indicando que os cabeças de lista serão apresentados até à quinta-feira da próxima semana e o programa eleitoral em 08 de abril.
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Em conferência de imprensa na sede nacional do PCP, em Lisboa, após uma reunião do Comité Central do partido, Paulo Raimundo afirmou que a CDU “está preparada para enfrentar as eleições legislativas e para se afirmar como a força unitária e popular ao serviço e só ao serviço dos trabalhadores, do povo e da juventude”.
“A CDU está empenhada na construção das listas com o objetivo de reforçar ainda mas a presença de mulheres e jovens, mas também com candidatos sem filiação partidária e apresentará até 27 de março o conjunto dos primeiros candidatos dos 22 círculos eleitorais”, afirmou.
Questionado se a CDU exclui integrar nessas listas candidatos que já foram anunciados para as eleições autárquicas, como João Oliveira e João Ferreira, o secretário-geral do PCP respondeu que não.
“Nós não temos nenhuma regra que impeça candidatos a autarquias integrarem listas à Assembleia da República ou vice-versa. Isso para nós não é uma regra que iremos [seguir]. Parece que para outros é, para nós não”, disse, numa alusão ao PS.
Além da apresentação dos principais candidatos às legislativas, Raimundo salientou ainda que a CDU vai apresentar, em 08 de abril, o seu “compromisso eleitoral, no qual se avançarão um conjunto de propostas e soluções que respondam à melhoria das condições de vida e ao desenvolvimento do país”.
Numa alusão a possíveis entendimentos à esquerda após as eleições, o secretário-geral do PCP defendeu que, “seja qual o for o cenário pós-eleitoral, é na CDU, nos seus votos e deputados que residirá, tal como acontece hoje, a força determinada de combate e de construção, de denúncia e das soluções”.
“A força da convergência e da esperança”, disse.
Criticando a “estratégia de vitimização e o atoleiro em que o Governo” se enterrou, o secretário-geral do PCP garantiu que, durante a campanha para as legislativas, o PCP e a CDU vão focar-se “nos problemas concretos dos trabalhadores e das populações que exigem resposta”.
Para Raimundo, “é urgente travar uma situação onde os salários não chegam ao final do mês, em que o custo de vida não para de aumentar, a habitação se torna em muitos casos impossível de alcançar” e se assiste “à degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e ao conjunto dos serviços públicos”.
“O país não suporta mais a mistura entre interesses privados e funções governativas, desde logo do primeiro-ministro”, sustentou, acrescentando que “o país não avança com a submissão do poder político ao poder económico”.
O secretário-geral do PCP defendeu que a atual política, “independentemente de quem a realize, não serve ao país e é urgente ser travada”, considerando que é necessária uma rutura e criar uma “alternativa pelos salários, pelas pensões, pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), acesso à habitação, pelos direitos das crianças e dos pais, pela paz”.
Neste ponto, Paulo Raimundo anunciou que o PCP irá realizar, na terça-feira da próxima semana, um desfile que irá concluir a ação nacional “Aumentar salários e pensões, para uma vida melhor”, lançada pelo partido em setembro, e que permitiu juntar “milhares de assinaturas” num abaixo-assinado que irá ser entregue ao primeiro-ministro.
Interrogado se não teme que a queda do Governo possa comprometer a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Raimundo disse compreender a preocupação, porque se tratam de 16 mil milhões de euros, mas disse que os atrasos que se vierem a verificar “não têm nada a ver com as eleições nem com a crise política”.
“Têm a ver com atrasos estruturantes, dificuldades do próprio Estado, de pôr a andar a sua máquina”, considerou, afirmando estar mais preocupado com “as dificuldades na vida de todos os dias”.