O Centro de Atendimento Clínico do Porto começa a funcionar, na próxima segunda-feira, no Hospital da Prelada, para aliviar a pressão das urgências do SNS. É dirigido a utentes que sejam triados nos hospitais de S. João e de Santo António e abre duas semanas após o de Lisboa.
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O Centro de Atendimento Clínico (CAC) do Porto, criado com o objetivo de aliviar as urgências dos casos menos urgentes, começa a funcionar na próxima segunda-feira, no Hospital da Prelada, duas semanas após a abertura da primeira unidade, em Lisboa, no Centro de Saúde de Sete Rios.
A solução criada pelo Governo para retirar doentes dos hospitais só inclui o tratamento clínico, uma vez que é destinada a utentes triados com pulseiras verdes ou azuis nos hospitais de S. João e de Santo António ou referenciados pelo SNS 24 para estes centros hospitalares. Na prática, se um doente for avaliado como não-urgente no S. João ou no Santo António, poderá deslocar-se ao Hospital da Prelada para ser atendido mais rapidamente.
Ao JN, o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP), à qual pertence o Hospital da Prelada, afirma que está disponível para alargar a zona de referenciação do centro clínico, atribuindo a decisão ao Ministério da Saúde, e revela que a unidade vai estar aberta todos os dias, entre as 8 horas e a uma da manhã, ao contrário do centro lisboeta que encerra às 20 horas. “Estamos certos que vamos ter uma resposta que vai prestigiar todos e que, acima de tudo, será uma solução para aqueles cidadãos que, e muito bem, têm direito ao Serviço Nacional de Saúde”, considera António Tavares.
45 euros por doente
A “solução integrada”, que resulta de um acordo de cooperação entre o Ministério da Saúde e a Misericórdia do Porto, foi aprovada na semana passada, em Conselho de Ministros, e anunciada pelo ministro da Presidência. António Leitão Amaro avançou que a SCMP vai receber um financiamento de 65 milhões de euros, que não será apenas destinado ao CAC, mas também para outros cuidados de saúde já prestados pelo Hospital da Prelada e previstos no contrato-programa anual entre o Governo e a instituição do setor social.
Para o CAC, a Misericórdia do Porto vai receber 45 euros por doente. “Se recebermos 200 doentes por dia, significa 270 mil euros por mês, o que, ao final de um ano, chega aos três milhões e qualquer coisa”, esclarece António Tavares.
O centro clínico do Porto arranca a 19 de agosto e vai estender-se até novembro de 2025, sendo depois reavaliado, e terá uma equipa composta por três a quatro médicos, enfermeiros e auxiliares por cada turno. O provedor da SCMP defende que a solução apresenta uma “maior robustez” por ser desenvolvida em ambiente hospitalar e que pretende resolver, no menor tempo possível, os problemas dos utentes. “O doente com pulseira verde ou azul é, muitas vezes, preterido por força das circunstâncias em relação aos outros utentes e tem que esperar mais tempo. Há aqui uma resposta de maior conforto e proximidade que se pretende dar.”
Os centros de atendimento clínico do Porto e de Lisboa surgem numa altura em que a pressão do SNS tem provocado diversos constrangimentos, com urgências encerradas todos os dias, e que obriga, de acordo com António Tavares, a parcerias e a um “esforço” para encontrar “respostas integradas”.
Hoje é o dia da semana com mais urgências encerradas
Há sete serviços de urgência de ginecologia e obstetrícia e dois de pediatria encerrados hoje. É o dia da semana com mais unidades fechadas, segundo as escalas de urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A região de Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a mais afetada com quatro serviços encerrados, nomeadamente o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, Hospital Garcia de Orta, em Almada, e o Hospital Santa Maria (obstetrícia). Há ainda a registar o encerramento das urgências do Hospital de Santo André, em Leiria, Caldas da Rainha e Portimão.
As urgências pediátricas do Beatriz ngelo, em Loures, e da Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, também vão permanecer fechadas. Já os serviços de urgência obstetrícia e ginecologia do hospital São Francisco Xavier e do hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) estão referenciadas durante a madrugada, bem como as urgências de pediatria do hospital de São Teotónio, em Viseu, entre as 20.15 horas e as 23 horas.