"Solução é muito precária", admitem médicos de família. Para evitar esperas na rua, reorganizam-se horários de profissionais e consultas.
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Há vários centros de saúde do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo que já montaram ou vão montar toldos e tendas para proteger da chuva os utentes que, por razões de segurança relacionadas com a pandemia, aguardam na rua para ser atendidos. Estão também a ser reorganizados horários dos profissionais de saúde e das consultas para evitar esperas longas no exterior. Para o presidente da associação que representa os médicos de família, Rui Nogueira, a solução dos toldos "é muito precária, até faz doer a alma" e não resolve nada (ler ao lado).
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Na região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), "para fazer face à necessidade de proteção dos utentes nos dias em que se verifica mau tempo, estão a ser adquiridas estruturas adequadas (como toldos, tendas ou outras coberturas) para instalação junto aos edifícios que não dispõem de estruturas de proteção, de modo a proporcionar maior conforto aos utentes". É a resposta da Administração Regional de Saúde (ARS) de LVT a uma pergunta feita pelo deputado do Bloco de Esquerda, Moisés Ferreira, sobre as soluções encontradas para proteger os utentes do mau tempo à porta dos centros de saúde e de alguns hospitais. "Não podemos aceitar que os utentes esperem à chuva e ao frio para aceder aos cuidados de saúde", considerou o bloquista.
Diminuir aglomerados
Embora dirigida ao Ministério da Saúde, a pergunta obteve apenas resposta da ARS LVT. O ofício acrescenta que, para o mesmo efeito, "estão a ser reorganizados os horários dos profissionais e das consultas, de forma a diminuir a afluência e as filas de espera em determinadas horas do dia (como por exemplo, mas primeiras horas da manhã)". Por outro lado, refere que "estão em curso processos de reforço de pessoal para as unidades e a ser criadas áreas dedicadas para atendimento específico de doentes com problemas respiratórios, com espaços autónomos e circuitos próprios, retirando afluência aos centros de saúde".
O JN questionou as restantes ARS (Norte, Centro, Alentejo e Algarve) sobre as soluções para reduzir o desconforto dos utentes à porta dos centros de saúde, mas apenas a ARS Norte respondeu.
Nesta região as soluções são idênticas. "Na maior parte dos Agrupamentos de Centros de Saúde", com exceção das unidades mais pequenas, "foram e estão a ser colocadas tendas e ou toldos de proteção", refere a ARS Norte. O trabalho e investimento, acrescenta, está a ser efetuado "com a colaboração da Proteção Civil e autarquias" e visa diminuir grandes aglomerados de pessoas, respondendo às normas e orientações da Direção-Geral da Saúde, e "minimizar os efeitos das condições climatéricas nos utentes".
A ARS Norte acrescenta que os horários dos centros de saúde estão a ser reorganizados/desfasados e que as unidades com maior número de utentes inscritos estão a recorrer ao agendamento de consultas para diminuir a concentração de pessoas. A renovação do receituário para doentes crónicos e a prescrição de exames por e-mail ou telefone são outros recursos utilizados para reduzir as idas aos centros de saúde.
Números
6,6 % milhões de consultas médicas presenciais nos cuidados de saúde primários de janeiro a outubro face ao mesmo período do ano passado. Até outubro houve 10,7 milhões de consultas médicas presenciais nos centros de saúde.
6,2 milhões de utentes tiveram pelo menos uma consulta médica nos cuidados de saúde primários (presencial ou não presencial) no último ano, segundo informação do Portal da Transparência do Ministério da Saúde.