Os cuidados de saúde primários aumentaram o registo de utentes com pré-obesidade e obesidade, em 167,1% e 46,5%, respetivamente. As conclusões são do relatório anual do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da Direção-Geral da Saúde (DGS) e referem-se aos anos entre 2017 e 2020.
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De acordo com a DGS, os dados "poderão representar uma melhoria do desempenho do Serviço Nacional de Saúde no diagnóstico da pré-obesidade e obesidade". Isto não significa que há necessariamente mais pessoas com excesso de peso, mas que os cuidados de saúde os estão a diagnosticar.
Entre os utentes registados nos centros de saúde, o relatório anual do PNPAS, divulgado esta sexta-feira e que celebra dez anos, revela que "a pré-obesidade e a obesidade afetam respetivamente, 38,9% e 28,7% da população nacional".
A autoridade de saúde pública refere que houve "uma redução da produção hospitalar para as doenças com relevância para o PNPAS analisadas no ano 2020, que poderá ser justificada pela alteração no número e perfil de utentes que recorreram ao SNS, condicionado pela resposta à pandemia".
É o exemplo dos doentes que tiveram alta nos hospitais portugueses: o relatório aponta para "uma redução de 8,8%" dos casos notificados com excesso de peso, relativamente ao período homólogo de 2019.
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"Para a obesidade, o número de doentes saídos reduziu 8,1% durante o período em análise e para a pré-obesidade o número de doentes saídos reduziu 3,3%", explica a DGS.
O PNPAS analisou o impacto da pandemia no trabalhos dos serviços de nutrição do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tendo concluído que 87,9% das unidades de saúde alteraram as rotinas e as organizações.
Poucos nutricionistas
Mais de metade (51,7%) dos serviços de nutrição passaram a dar mais apoio ao internamento, nomeadamente a doentes com covid-19. Em resultado disso, houve uma redução de 18% no número de consultas feitas em ambulatório, em comparação com os dados de 2019.
"A adoção do modelo de teleconsulta na consulta de ambulatório e o alargamento da identificação do risco nutricional a mais serviços foram alguns dos motivos apontados para maior disponibilidade e dedicação ao internamento", lembra a DGS.
A covid-19 teve ainda impacto no número de nutricionistas a trabalhar nas unidades de saúde: 51,5% referem ter registado uma diminuição nos funcionários devido a baixas médicas.
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"No total, desde o início da pandemia, foram contratados 18 nutricionistas pelos Cuidados de Saúde Hospitalares, Cuidados de Saúde Primários e Unidades Locais de Saúde", salienta o relatório do PNPAS.
Porém, o rácio do número de camas por nutricionista está aquém do necessário. Nos hospitais centrais há 60 camas/nutricionistas, "onde o recomendado são 50 camas/nutricionista". Nos outros hospitais, há "87 camas/nutricionista, onde o recomendado são 75 camas/nutricionista".
Em Portugal, 44% dos hospitais cumpre o rácio recomendado por um guia orientador da Ordem dos Nutricionistas.