Os chefes do serviço de urgência pedem, numa nova carta, medidas céleres para resolver "problemas estruturais". O Hospital Fernando Fonseca tem 78 casos sociais internados.
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Os chefes e subchefes da urgência do Hospital Fernando Fonseca (HFF), mais conhecido por Hospital Amadora-Sintra, escreveram uma nova carta ao diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), que ainda não recebeu formalmente a missiva, ao conselho de administração da unidade e à Ordem dos Médicos. A primeira carta foi enviada a 29 de novembro de 2022, altura em que os médicos apresentaram demissão por falta de meios no serviço.
Na nova missiva, os clínicos apelam à tomada de "medidas urgentes e indispensáveis" para resolver "problemas estruturais". Fonte da DE-SNS afirma que vão iniciar um "diálogo construtivo com o conselho de administração e a direção do serviço", de forma a encontrar as "soluções adequadas".
Após o pedido de demissão de oito chefes e sete subchefes do serviço de urgência do HFF em novembro de 2022, a equipa teve uma reunião com o conselho de administração da unidade, presidido por Joana Chêdas, onde foram apresentadas uma série de medidas para a "resolução dos problemas identificados". No entanto, 50 dias passados, os signatários da carta apontam que nada foi resolvido.
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"A continuada saída de elementos sénior das equipas de urgência, aliada à recente carência de novos internos de medicina interna, são motivo de grande preocupação e angústia", lê-se na carta a que o JN teve acesso, enviada a 30 de janeiro deste ano. Fonte do HFF defende que a unidade enfrenta um "subdimensionamento do internamento". Mais de 10% dos internamentos são casos sociais (78 utentes), que esperam por respostas de outras entidades para sair do hospital.
Serviço estrangulado
"O elevado número de camas ocupadas por utentes com alta clínica e a aguardar resposta social tem o efeito de estrangular o serviço de urgência, onde os doentes que necessitam de internamento para tratamento permanecem mais tempo do que seria desejável à espera de vaga/cama de internamento em enfermaria", diz a mesma fonte do HFF, que relembra que a instituição serve um universo de 550 mil utentes.
O bastonário da Ordem dos Médicos, que visitou o hospital depois do pedido de demissão dos chefes de urgência, em novembro, diz que o Amadora-Sintra enfrenta "uma situação complexa", não só devido à falta de meios, mas também por causa das denúncias de alegadas más práticas clínicas nas cirurgias. O Sindicato dos Médicos da Zona Sul pede a demissão do conselho de administração e a intervenção do Governo.