Robô desenvolvido na Universidade do Minho compreende linguagem corrente e até pode tomar decisões.
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Um robô de ajuda em ambiente doméstico ou hospitalar está em desenvolvimento no Laboratório de Automação e Robótica, da Escola de Engenharia, da Universidade do Minho. É uma máquina com algumas características antropomórficas, capaz de ajudar em tarefas quotidianas, como pegar em objetos, abrir e fechar portas e gavetas e fazer arrumações. O Charmie tem até algumas competências sociais como o acolhimento de convidados e a identificação de tópicos interessantes de conversa. Em ambiente controlado, previamente mapeado, o robô consegue até tomar decisões autonomamente.
Tiago Ribeiro está a desenvolver o seu doutoramento à volta deste projeto. "A ideia inicial era construir um robô capaz de ajudar pessoas com limitações de mobilidade que moram sozinhas, mas em conversa com médicos e enfermeiros, percebemos que a necessidade existe também nos lares e nos hospitais", aponta. A equipa que trabalha no Charmie é liderada pelos professores Fernando Ribeiro e Gil Soares e integra dois doutorandos, Tiago Ribeiro (Eletrónica Industrial) e Fernando Gonçalves (Engenharia Mecânica), a que se juntam nove alunos de mestrado.
O nível que alcançaram é tão bom, que o Charmie está apurado para se apresentar na RoboCup (uma espécie de campeonato do Mundo), que se realiza este ano, em Bordéus, de 4 a 10 de julho. "A edição anterior foi na Tailândia, por isso era completamente impossível estarmos presentes", lamenta o professor Fernando Ribeiro. "Só o transporte de um robô deste tamanho no avião custa milhares de euros", sublinha. A equipa procura apoios para não falhar a participação este ano.
Entre as funcionalidades que tornam o robô da UMinho distinto e que lhe garantiram o apuramento para a RoboCup, está o facto de, "além de conseguir variar a altura, também conseguir fazer um gesto tipo vénia, o que lhe permite apanhar objetos do chão, mesmo que estejam um pouco afastados".
Quando chega a um ambiente desconhecido, o Charmie começa por fazer um mapeamento do espaço, recorrendo a tecnologias como o 2D Semantic SLAM e Lidar. Numa casa, por exemplo, ele não vai precisar que lhe digam onde fica cada um dos espaços, porque ao encontrar as camas identifica aquelas divisões como quartos, assim como, ao dar com a sanita, sabe que ali é casa de banho.
O Charmie tem um rosto que permite comunicar algumas "emoções", porém, "preferimos não lhe dar uma daquelas caras humanoides em silicone, porque percebemos que as pessoas tendem a desconfiar mais desse tipo de robôs", explica Tiago Ribeiro