Vinagre, pão, rebuçados, chocolate ou cerveja, tudo com baga de sabugueiro. A Casa do Bento, em São Martinho da Gândara, Oliveira de Azeméis, não produz tudo isto, mas faz parcerias com um sem-fim de produtores para criar coisas "engraçadas". O projeto nasceu de forma inusitada, pelas mãos de uma enfermeira, Teresa Leite, e de uma nutricionista ligada à área da investigação, Olívia Pinho.
Corpo do artigo
Entrar na Casa do Bento, que é também a casa de Teresa e dos pais, é fazer uma viagem ao tempo dos nossos bisavós. Ainda lá há a eira, os campos cheios de cultivos, a criação de animais. Ela própria diz: "Não sei o que é comprar um limão ou uma salsa, porque sempre tive tudo em casa". Não admira que, sendo enfermeira, tenha as mãos calejadas.
"Vivi sempre nesta casa, que já era dos meus bisavós. Era uma casa de agricultura, ligada à produção bovina e de leite. E sempre tive este bichinho", conta Teresa. Toda a gente lhe dizia que tinha que fazer alguma coisa ligada à agricultura. E assim foi. Recuperou a casa que a mãe herdou do bisavô Bento e pôs mãos à obra. Juntou-se à tia Olívia e perceberam que a produção da baga de sabugueiro não era muito comum em Portugal. Foram até Tarouca para aprenderem tudo sobre a apanha, a seca, a poda. "É um fruto pouco conhecido e que tem alto poder antioxidante e um sem-fim de aplicações. Lá fora fazem-se iogurtes, ice-teas, águas aromatizadas, champanhes".
O fruto tem a particularidade de não ser consumido fresco, só cozinhado, desidratado ou transformado. E Olívia está a dedicar-se a investigar os seus poderes medicinais, porque há poucos estudos sobre isso. No entretanto, as duas fazem compotas, infusões, marmelada, mel, que vendem através do site ou em lojas de produtos gourmet. "Também fazemos chocolate pontualmente com recheio de baga do sabugueiro. Ou croutons. O projeto permite-nos explorar, porque nem eu nem a minha tia vivemos disto", explica Teresa. O grande objetivo é vir a incutir na indústria alimentar o interesse por este produto, "porque é poderoso". Pelo caminho, vão fazendo parcerias para criarem produtos inovadores. "Agora, vem para cá um jovem brasileiro para fazer cerveja com a baga".
Também têm vindo a trabalhar em parceria com uma empresa portuguesa no desenvolvimento de um vinagre a partir da baga e trabalham com um jovem de Lisboa que faz pão com a baga de sabugueiro. Ainda ponderam criar uma marca em conjunto com um produtor de rebuçados do norte. "Não queremos simplesmente vender a baga, preferimos criar parcerias engraçadas".