IMT e áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa vão criar app de telemóvel para comprar títulos de transporte em qualquer região. Cartão bancário será usado para validar viagens.
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O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) e as áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa têm cinco meses para criar um cartão que possa ser usado em todo o país para carregar os títulos de transporte público. É o primeiro passo para a definição de tarifários mais abrangentes e integrados, que possam ir além das atuais fronteiras de cada região, tornando a vida dos passageiros mais fácil.
Neste momento, cada área metropolitana e algumas comunidades intermunicipais e cidades de média dimensão, como Coimbra e Braga, possuem tarifários específicos - e cartões onde os bilhetes ocasionais e o passe são carregados - que só podem ser utilizados nos seus territórios. No Grande Porto, existe o Andante e, na Grande Lisboa, é válido o Navegante. Ora, no cartão Andante, não podem ser carregados títulos para viajar na Área Metropolitana de Lisboa e vice-versa.
"Cada autoridade de transporte está a trabalhar por si própria, sem existir uma compatibilidade entre sistemas nem uma coordenação do trabalho. E isto, de facto, é mau, porque se desperdiçam imensos recursos, quando todos estão a fazer a mesma coisa sem partilha de resultados", explica Jorge Delgado ao JN.
Diferença é obstáculo
O secretário do Estado dos Transportes sublinha que esta incompatibilidade entre os sistemas de bilhética (já que cada um faz o seu) obriga a que os portugueses tenham de comprar "um título próprio cada vez que viajam para diferentes zonas do território". E, como os sistemas são distintos, "não conseguimos criar tarifários interregionais e até nacionais".
O Governo dá, hoje, o pontapé de saída para a criação de uma plataforma de bilhética nacional, designada "1Bilhete.pt". Como as duas áreas metropolitanas têm mais experiência e mais capacidade técnica para o desenvolvimento tecnológico desses sistemas, vão associar-se ao IMT neste trabalho. O protocolo é assinado hoje à tarde, em Coimbra.
No entanto, a porta não está fechada aos restantes concelhos e entidades intermunicipais do país. As autoridades de transporte que queiram participar poderão assinar um acordo de adesão, tendo acesso a todo o trabalho que seja realizado e usufruindo, no futuro, de apoios financeiros para o desenvolvimento dos sistemas tecnológicos.
2,7 milhões de euros
O secretário de Estado da Mobilidade estima que, em cinco meses, será possível criar o cartão de transporte único, onde poderão carregar-se títulos de regiões diferentes. Seguir-se-á o desenvolvimento da aplicação para o telemóvel (a executar em dez meses), à semelhança da app "Anda" da Área Metropolitana do Porto. Por fim, volvidos mais 13 e 14 meses, Jorge Delgado espera que seja possível usar os cartões bancários nos equipamentos de validação, descontando automaticamente o preço do bilhete na conta do utente. O Governo dispõe de 2,7 milhões de euros para desenvolver estes três produtos.
"Tendo um suporte físico que possa ser usado em qualquer região, o passo seguinte" será desenvolver novos tarifários intermunicipais, interregionais e, "no limite, até um tarifário nacional", frisa. Por exemplo, definir um "tarifário que seja comum a Porto e Braga ou a Lisboa e Oeste", podendo usá-lo, também, para outros meios de mobilidade, como o aluguer de bicicletas ou de trotinetas.