Estudo recente da Anacom na região Norte, Alentejo e Área Metropolitana de Lisboa mostra que nas cidades do litoral há eficiência de cerca de 90%. Presidente da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes afirma que empresas não se instalam por falta de rede de telemóvel e Internet.
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Continuam a existir diferenças assinaláveis na qualidade do serviço de comunicações móveis (telefone, mensagens e dados) entre as cidades e o mundo rural, mas mais visíveis ainda no Norte do país. A conclusão é do último estudo da Autoridade Nacional de Telecomunicações (Anacom), realizado em fevereiro, na região Norte, Alentejo e Área Metropolitana de Lisboa, que será em breve alargado ao país.
A análise da Autoridade Nacional de Telecomunicações passou por 162 municípios, concluindo que os três principais operadores registam 90,8% e 89,1% nas medições realizadas em níveis de cobertura rádio "muito boa" ou "boa", no meio urbano, enquanto as áreas predominantemente rurais estão no extremo oposto, registando apenas 63,4% das medições, e nas aldeias mais periféricas os valores ficam abaixo.
Todos os serviços
As diferenças são em todos os serviços, como cobertura de rádio que chega a ser "inexistente", serviço de voz com "acentuada degradação do desempenho" no que toca às capacidades de estabelecimento e de retenção de chamadas ou na transferência de ficheiros, em download e upload.
A persistência das diferenças levam o presidente da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes (CIMTTM), Artur Nunes, a reivindicar que todas as aldeias sejam abrangidas pelo Programa Portugal Digital.
"Não queremos todas as freguesias, mas sim todas as aldeias do distrito", referiu o também presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, onde nem todas as localidades têm cobertura de rede e parte do IC5 está a descoberto, apesar de ser um dos principais acessos rodoviários a vários concelhos.
Artur Nunes admite que não se pode ter a pretensão de ter empresas a instalar-se no interior "quando nem temos sequer Internet com velocidade, a rede de fibra ótica não chega a todo o lado, a maior parte das aldeias não tem, o que reduziria os custos às empresas que se querem instalar no nosso território, onde há empresas a trabalhar que precisam de comunicações rápidas".
O Governo prometeu lançar este mês o concurso para a atribuição de licenças para o 5G, com um projeto-piloto numa cidade do litoral (mais 50 mil habitantes) e outra do interior.
Evolução normal
A Secretaria da Transição Digital esclareceu que "a situação pandémica que atravessamos teve impacto na evolução normal do procedimento de leilão para atribuição de espetro e lançamento do 5G, o que impossibilita o objetivo de ter até final deste ano duas cidades portuguesas cobertas por este novo tipo de serviço".
Independentemente do leilão para o 5G, logo que o Governo disponha do levantamento das zonas do país ainda sem cobertura móvel, tenciona desencadear concurso para colmatar essas necessidades.