Edifícios fáceis de construir e desmontar, que podem durar toda a vida ou mesmo ser aplicados noutras construções. A ideia está a ser desenvolvida por um consórcio europeu de universidades, liderado pela academia de Coimbra. A ferramenta poderá, a qualquer momento, ser usada para o mercado.
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Além da Universidade de Coimbra, a investigação envolve duas empresas portuguesas, duas universidades italianas e holandesas e um instituto em França. O projeto envolve uma tipologia de ligação híbrida completamente nova, assente em vigas de treliça de aço leve ligadas a colunas tubulares por meio das designadas juntas "plug-and-play", que funcionam por encaixe, facilitando a montagem e desmontagem da estrutura de edifícios modulares.
"O objetivo fundamental é desenvolver um sistema montado facilmente e fácil de desmontar, através de ligações de encaixe", explica ao JN Urbano Luís Simões Silva, investigador do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, líder do projeto.
Por outro lado, além de facilmente desmontáveis, os edifícios têm materiais mais resistentes, como o aço, em vez do betão, sendo que o pavimento é feito em madeira.
Os edifícios são construídos para 50 anos, e a grande vantagem é que são reaproveitados. Podemos levá-los para outro sítio
"O revestimento pode ser feito de qualquer forma, ficando, exteriormente, iguais a qualquer outro edifício em betão", completa o investigador. Em laboratório, no Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra, já foi construído um edifício de dois pisos, com 12 metros por 4,5 de dimensões. "Os ensaios mostraram um excelente desempenho. Fizemos testes com cargas de 280 toneladas e a resistência foi muito boa", exemplifica Luís Simões Silva. O objetivo, segundo o líder da investigação, passa por ter edifícios com seis pisos.
Segundo Luís Simões, uma construção em cimento tem um tempo de vida que ronda os 50 anos. Neste caso, e se o tempo de vida funcional do edifício passar, a sua estrutura pode ser desmontada e deslocada para outro ponto. "O aço carbono, desde que esteja protegido, é para sempre. Os edifícios são construídos para 50 anos, e a grande vantagem é que são reaproveitados. Podemos levá-los para outro sítio", acrescenta.
Para além da facilidade de montar e desmontar, Luís Simões Silva destaca que este tipo de edifícios é mais favorável do ponto de vista ambiental e, sem entrar em valores, será competitivo do ponto de vista comercial.
"É uma solução que está preparada para ser industrializada, e já temos empresas de construção interessadas", conclui.