O antigo líder do PSD Pedro Santana Lopes rejeitou uma "coligação por obrigação" para as eleições legislativas, considerando que "dá mau resultado".
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"Os partidos só se devem coligar numa situação: terem a convicção de que é isso o melhor para o interesse nacional, terem convicção, terem entusiasmo e saberem qual é o projeto que vão desenvolver na próxima legislatura. Coligação por obrigação nunca, dá mau resultado", defendeu Pedro Santana Lopes, sexta-feira, num jantar comemorativo dos 40 anos do PSD, em Pousos, Leiria.
O antigo líder social-democrata lembrou que "Sá Carneiro fez a AD [Aliança Democrática] quando quase ninguém a queria, em 1979".
"Foi feita, não com muitos meses de antecedência, em cima da hora. Não estou a comparar situações, a História nunca se repete. Agora ninguém está fatalisticamente condenado a coligar-se", declarou.
Para Santana Lopes, "optar pelo mal menor, optar taticamente, perdendo a dimensão estratégica, perdendo a luz do interesse nacional dá sempre mau resultado".
"E, portanto, nós temos que saber muito bem sempre aquilo que queremos. Soubemos o que quisemos fazer nestes quatro anos. Pergunto, temos a certeza que sabemos o que queremos fazer nos próximos quatro?", questionou.
Num discurso perante 600 pessoas, o social-democrata recusou a "conversa da esquerda de que os grandes presidentes foram os presidentes de esquerda e o mau presidente foi o presidente militante do PPD/PSD".
"Há uma coisa que dizem hoje em dia em Portugal, que eu comecei a rejeitar esta semana, é que Portugal teve três grandes presidentes da República - Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio - e um Presidente da República de quem nem se pode ouvir falar, chamado Cavaco Silva, isso é uma grande falsidade e nós não podemos aceitar esse embuste", declarou.
Segundo Santana Lopes, Ramalho Eanes "tinha oposição de uma boa parte do eleitorado" e "tentou fazer um partido da Presidência da República".
Já Mário Soares, "fez um bom primeiro mandato", mas no segundo fez "presidências abertas contra o Governo em funções", o de Cavaco Silva, continuou o ex-líder do PSD.
Quanto a Jorge Sampaio, Santana Lopes apenas disse que "Cavaco Silva nunca dissolveu um Parlamento com uma maioria estável e coesa na Assembleia da República".
"Já pensaram o que é ser Presidente da República tendo no primeiro mandato José Sócrates (...), que era um líder político complexo, muito difícil de lidar?", perguntou, adiantando que o segundo mandato foi o "pós-bancarrota e o de ter que ser Presidente da República num tempo de austeridade".
Para Santana Lopes, "se é muito difícil ser primeiro-ministro em tempo de vacas magras, também não é fácil ser presidente da República quando o presidente não se põe contra o Governo que está em funções".
"Porque é muito fácil para se ser popular estar em Belém (...) e esperar a desgraça dos governos", concluiu.