Há unidades a receber listas prioritárias com foco na covid. Doentes controlados com indicação para remarcação. Sindicato alerta para "calamidade".
Corpo do artigo
13289943
Com a vacinação contra a covid, acompanhamento de infetados e atendimento nas áreas respiratórias (ADR) no topo das prioridades, há centros de saúde a receberem instruções para remarcar a atividade programada não urgente.
Isto é, não podem ser adiados doentes agudos ou crónicos não controlados, saúde materna, vacinação e saúde infantil com indicação de imunização.
A Administração Regional Saúde (ARS) do Centro definiu como prioritárias a vacinação, o Trace-Covid, os rastreios e inquéritos epidemiológicos e atendimento de doença aguda mediante patologia. Pelo que "os serviços (...) devem ser reestruturados" e analisada "a possibilidade de adiamento de algumas situações de vigilância controlada".
Nos cuidados de saúde não urgentes propostos para remarcação estão os doentes crónicos controlados, a saúde infantil, os rastreios oncológicos (colo do útero e color-retal) e exames gerais. Consultas que, disse ao JN fonte daquela ARS, podem ser reprogramadas para sábado, "consoante a evolução epidemiológica local e os recursos disponíveis". Garantindo que se mantêm "as consultas programadas dos grupos de risco e vulneráveis".
Serviços mínimos
Prioridades que chegaram, também, a Agrupamentos de Centros de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. A atualização do plano de contingência de um ACES a que o JN teve acesso prioriza a vacinação covid, atendimentos ADR e complementar, definindo serviços mínimos: saúde infantil coincidindo com o ato de vacinação, saúde materna, interrupção voluntária da gravidez, consultas de doença aguda e de doenças crónicas não controladas, vacinação e tratamentos. Com horário das 8 às 18 horas , admitindo funcionamento até às 20 para atividade não assistencial, havendo condições.
A ARS LVT diz não ter dado "qualquer indicação" para parar a atividade programada e que as unidades continuam "a organizar o seu trabalho com base na conciliação da atividade covid e não covid". Sobre a redução de horário e quais as prioridades, não se pronunciou.
Ao JN, fonte oficial da ARS Norte, por sua vez, informou que "todas as unidades de saúde no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários, para além do programa de vacinação em curso, mantêm toda a atividade programada como até aqui".
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) fala numa "orientação global, do Ministério da Saúde, para acabar com a atividade programada não urgente nos centros de saúde". Contactada pelo JN, a tutela limitou-se a dizer que "a vacinação é uma das atividades centrais dos centros de saúde" e "nunca foi suspensa".
"Em vez de estarmos a aumentar a capacidade para ver diabéticos, hipertensos e criar condições de vigilância, há ordens diretas para diminuir a atividade". Não tendo "resposta nos centros de saúde, aumenta a pressão nos serviços de urgência. Vai ser uma calamidade", diz Roque da Cunha.
Para a Federação Nacional do Médicos, "é a prova que haveria desmobilização da atividade normal para a vacinação", ao contrário do que foi dito. Avisando Noel Carrilho: "Há coisas que vão ser certamente adiadas para tarde demais". Diogo Urjais, presidente da USF-Associação Nacional, reafirma não ter havido reforço de recursos humanos, com "os profissionais a desdobrarem-se em tudo e mais alguma coisa".
13287215