O comício do PS, que decorreu na Aula Magna, em Lisboa, esta terça-feira à noite, foi interrompido por três vezes, duas delas devido a protestos de dois membros do coletivo "Greve Climática Estudantil". A outra, logo a primeira, partiu de uma presumível apoiante socialista.
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A primeira interrupção aconteceu mal Pedro Nuno Santos - o último dos quatro ordores da noite - subiu ao palco para discursar. Uma mulher tentou irromper pelo espaço para lhe entregar um livro, alegadamente uma Bíblia.
Foi retirada de imediato pela equipa de segurança. Pedro Nuno, percebendo que não havia perigo, prometeu que, depois, se encontraria com a mulher: "No fim falamos", disse. A intrusa aguardou num canto da Aula Magna, na companhia de uma assessora.
Depois, durante a parte inicial do discurso, houve mais duas interrupções, tendo ambas durado poucos segundos. A primeira começou quando um ativista climático se levantou e gritou "Peço a palavra!", uma frase conotada com as crises estudantis durante o Estado Novo. As restantes palavras não foram perceptíveis, uma vez que os apoiantes socialistas irromperam em gritos de apoio ao partido, de modo a abafar a mensagem. Este alegado ativista foi retirado da sala pela segurança.
O terceiro ato teve lugar pouco depois, quando um homem irrompeu em gritos sonoros mas imperceptíveis. O modus operandi tanto da plateia como da segurança foi idêntico ao que tinha ocorrido na situação anterior.
Pedro Nuno reage com humor: "Eu depois fico na dúvida..."
Após a primeira interrupção do ativista, Pedro Nuno salientou a necessidade de se "aprender a respeitar" os outros. Da segunda, pediu "calma" e "serenidade", acrescentando, numa tentativa de desanuviar o ambiente: "Só preferia que quem tivesse de falar o fizesse de uma vez". A sala riu e aplaudiu.
Houve ainda um quarto momento em que se pensou que estava a ter irromper uma nova interrupção. No entanto, logo se percebeu que o grito que ecoou pela sala tinha vindo de um apoiante do PS, fora de tempo. O secretário-geral parou o discurso e reagiu com humor: "Eu depois fico na duvida...". Uma vez mais, os presentes bateram palmas.
Logo após a primeira intervenção dos ativistas climáticos, o ambiente na sala mudou um pouco. Passou a ser frequente ver gente a olhar para trás, na direção do lugar onde estava sentado o intruso. Notaram-se os compassos de espera de cada vez que se ouvia um grito de apoio mais deslocado.
O próprio António Costa, que esteve presente no comício, saiu da sala a comentar o incidente, testemunhou o JN. Entretanto, o grupo "Greve Climática Estudantil" emitiu um comunicado, confirmando ser o organizador dos dois momentos performativos. No texto, dizem defender "o fim do uso dos combustíveis fósseis até 2030" e acusam o PS de "proteger os lucros exorbitantes da EDP e da GALP".
Pedro Nuno, Vieira da SIlva e Temido acusam AD de "martelar" contas do programa
Na Aula Magna, diante de Costa, Pedro Nuno voltou a falar da importância das contas certas, repetindo o que tem feito com insistência na campanha. Também enalteceu a importância da “estabilidade” que diz ter sido alcançada com os Governos do PS.
Tal como já tinha feito horas antes, o socialista acusou a AD de basear o seu programa em previsões económicas inviáveis, tendo em conta as perspetivas de abrandamento da economia europeia. Desafiou Luís Montenegro a dizer "onde vai cortar" em caso de crise, sublinhando que essa foi sempre a solução adotada pela Direita "ao menor aperto".
Também Mariana Vieira da Silva, cabeça de lista por Lisboa, acusou a AD de ter “martelado” o cenário macroeconómico para que as medidas lá encaixassem. Marta Temido, provável candidata à Câmara da capital no ano que vem, frisou igualmente que as propostas da AD não podem ser levadas “a sério”.
Esta terça-feira, o dia de campanha voltou a consistir em Pedro Nuno a mostrar obra, desta vez a construção do Hospital de Sintra. O socialista também criticou Montenegro por este ter posto em causa a sua “estabilidade emocional”.