A Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES) analisa esta segunda-feira, a pedido do Governo, em que moldes se fará o ingresso neste ano.
Corpo do artigo
O ponto principal da proposta, enviada pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior, incide nos exames que os alunos terão ou não de fazer. Concretamente, se apenas às disciplinas que constituem prova de ingresso. Ouvidos pelo JN, reitores e presidentes de politécnicos admitem que se replique o modelo do ano passado.
Após o encerramento das escolas em março de 2020, a Tutela, depois de ouvir a CNAES, determinou que, naquele ano, os estudantes realizassem apenas exames nacionais às disciplinas que fossem provas de ingresso. Quanto à fórmula de cálculo da nota para candidatura, optou-se, para os alunos que concluíram o 12.º naquele ano, pelas classificações internas finais do Secundário (sem efeito dos resultados dos exames finais) mais as provas de ingresso.
Pontos sobre os quais o CNAES se volta hoje a debruçar, após ter sido conhecido, na passada sexta-feira, o calendário dos exames nacionais. Em linha, refira-se, com o adiamento do ano passado. Os resultados da 1.ª fase foram afixados numa segunda-feira (3 de agosto) e as candidaturas arrancaram na sexta-feira (dia 7). Neste ano, os resultados são conhecidos a 2 de agosto. A 2.ª fase passa para o início de setembro.
Parecer não vinculativo
Ao JN, o presidente da CNAES, António Fontainhas Fernandes, revelou apenas que iriam "emitir [hoje] um parecer quanto ao processo de ingresso". Parecer esse, explicou, que não é vinculativo.
Sobre se poderia repetir-se o modelo de 2020, falou na qualidade de reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para dizer que, "face ao clima de instabilidade e complexidade da situação atual, o quadro do ano passado teve bons resultados". Acima de tudo, é importante "dar estabilidade às famílias".
Posição corroborada pelo presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos. Ao JN, Pedro Dominguinhos disse não ser o "período para produzir grandes alterações", sendo fundamental dar "estabilidade aos estudantes". Para o também presidente do Politécnico de Setúbal, o ano passado "não correu mal, os estudantes estão melhor preparados e temos hoje uma experiência acumulada que nos dá confiança". Pensamento partilhado pelo presidente do Politécnico de Bragança, Orlando Rodrigues: "O ano passado funcionou bem, não vejo mal que funcionasse assim".
Atenção ao insucesso
Entendendo, também, que o modelo não será muito diferente do de 2020, o reitor da Universidade do Minho alertou, no entanto, para o facto de se "ter construído a ideia de que a subida das classificações se ficou a dever ao método adotado e que pode ter sido fator de alguma injustiça no acesso".
Por outro lado, Rui Vieira de Castro recordou que face ao aumento exponencial de candidatos ao Superior, as instituições aumentaram as vagas (no Minho, mais 220). Com um "risco adicional de fenómenos de abandono e/ou insucesso escolar", que obrigou as instituições a reforçarem os mecanismos de apoio aos seus estudantes.
Pormenores
Parecer sobre vagas - O grupo de trabalho criado este mês para apoiar o processo de fixação de vagas do concurso deste ano tem de apresentar a sua análise até ao início de maio. É coordenado pelo presidente da CNAES.
Via profissionalizante - No ano passado foram abertas, pela primeira vez, 2370 vagas para alunos que terminaram o Secundário através das vias profissionalizantes. As instituições constituíram-se em consórcios regionais e fizeram um exame único e conjunto. Tal como em 2020, deverá realizar-se em setembro.
62675 - O valor mais alto dos últimos 24 anos. No ano passado, candidataram-se à 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso 62 675 estudantes. A procura superou a oferta, com 1,2 candidatos/vaga.
10% Face ao aumento exponencial do número de candidatos, o Governo autorizou um reforço de 10%. Pela primeira vez, as instituições libertaram vagas dos internacionais para os nacionais.