Negociações sobre contrato com empresa canadiana vão decorrer no final da época de fogos na Europa.
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Só daqui a quatro anos é que Portugal poderá ter dois aviões anfíbios pesados de combate aos incêndios. As negociações entre Bruxelas e o fabricante canadiano e o tempo de produção deverão atrasar a chegada dos Canadair para o final de 2025 ou o início de 2026. A 14 de julho, a secretária de Estado Patrícia Gaspar afirmou que o Governo tentaria que as aeronaves estivessem disponíveis ainda em 2024/2025.
A compra conjunta de 12 Canadair para seis estados-membros vai reforçar a frota do rescEU, o programa da Comissão Europeia que fortalece a reserva do Mecanismo Europeu de Proteção Civil. As últimas encomendas ficam prontas em 2029.
Fonte do gabinete do comissário europeu de Gestão de Crises, Janez Lenarcic, não adianta mais pormenores sobre a compra, já que "as negociações estão em curso". Por seu lado, fonte do De Havilland Canada, o fabricante que detém atualmente os direitos dos modelos Canadair, revela ao JN que "acordaram começar as negociações do contrato quando a época dos fogos na Europa terminar, o que se prevê ser no final de setembro e início de outubro".
Modelo de avião
A empresa canadiana estima que o modelo DHC-515, sucessor dos Canadair 215 e 415 comercializados até 2015 pela Bombardier, comece a ser fabricado no final de 2022 ou no início de 2023, consoante a data de assinatura dos contratos com os clientes europeus. O tempo de produção pode ser superior a dois anos.
A Comissão Europeia prevê que até 2026 "pelo menos dois aviões de combate a incêndios de médio porte totalmente financiados pela UE da marca Canadair se juntem à atual frota do rescEU". "A propriedade dos 12 aviões de combate aos incêndios pertence aos estados-membros", explica o gabinete de Janez Lenarcic.
Em Portugal, a compra dos dois Canadair está prevista na resolução do Conselho de Ministros n.º 27/2021, de 22 de março. O investimento total é de mais de 70 milhões de euros, sendo que 63 milhões são do rescEU e sete milhões do Orçamento do Estado.
Perante uma emergência noutro país europeu, a decisão de desmobilização da aeronave cabe a Bruxelas, ao Estado-membro que requisita o apoio e ao país que possui o avião. Tal como já acontece com o Mecanismo Europeu de Proteção Civil.
O instrumento foi ativado a 9 de julho em Portugal, devido aos fogos. Chegaram a território nacional dois Canadair do Governo espanhol no dia 10 de julho, que regressaram por causa dos fogos em Espanha. A 13 de julho, vieram duas aeronaves do Governo de Itália.
Futuro
Novo avião reabastece em 12 segundos
O modelo DHC-515, sucessor dos Canadair, pode armazenar até 6,137 litros de água e atingir 346 km/h no máximo. O avião da De Havilland Canada permite abastecer em 12 segundos, de água doce ou salgada, e lançar até 700 mil litros de água por dia em zonas de fogo.
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12 helicópteros vão ser adquiridos por Portugal até ao final de 2026, sendo que seis são ligeiros e os outros seis são médios/pesados. Um investimento total de 70 milhões de euros, que advém do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
60 meios aéreos compõem o atual Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, dos quais 50 aeronaves de asa fixa e rotativa são alugadas e quatro aeronaves de asa rotativa (helicópteros) são da Força Aérea, ou seja, pertencem ao Estado.