ANSR tem em curso vários projetos assentes na inteligência artificial para prevenir acidentes.
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A Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária (ANSR) quer que seja possível para os condutores em Portugal poder escolher qual o trajeto mais seguro, através do telemóvel. Tal como já acontece para quando se quer chegar mais rapidamente a um local ou calcular o valor das portagens. A instituição tem em desenvolvimento e em fase de estudo vários projetos de recolha de dados sobre a sinistralidade, cujo objetivo é antecipar futuros sinistros e tornar possível a "Visão Zero", conceito que resume a premissa de que nenhuma vida perdida nas estradas é aceitável.
A vice-presidente da ANSR Ana Tomaz acrescenta que a mobilidade sustentável é outra das metas. "Queremos que seja possível para um cidadão escolher a bicicleta para poupar tempo de viagem", disse esta quinta-feira durante um workshop sobre o contributo da inteligência artificial na prevenção e alerta da sinistralidade. A responsável aponta que 600 mortes por ano nas estradas "obriga a ser-se mais ambicioso".
Nó da Buraca perigoso
Um dos projetos da ANSR é o Sistema de Vigilância das Alterações da Sinistralidade Rodoviária (SIVIG), cuja primeira fase consistiu na sistematização de informação de dados da ANSR para detetar padrões. O trabalho ficou a cargo da consultora PahlConsulting, que se focou no tráfego no IC19, A1 e A5. Os primeiros resultados mostraram que o nó da Buraca é um dos locais que concentra mais acidentes entre as zonas analisadas.
A informação retirada da análise de milhares de dados, entre os anos de 2016 e 2020, pode ajudar "as entidades a tomar as medidas necessárias" para prevenir e antever a sinistralidade, explicou João Sousa Marques da PahlConsulting.
O engenheiro defendeu que, a serem implementadas alterações nas vias, a monitorização e o acompanhamento após as mudanças têm de ser feitos. "Gastamos o dinheiro e pensamos que está tudo feito. Temos de perceber se o dinheiro que gastámos faz sentido", considerou. Outra das preocupações passa, diz, pela "consolidação dos dados". "Não podemos correr o risco de implementar medidas", sem apostar na melhoria da informação.