Quatro anos depois da introdução das imagens-choque, impacto junto dos mais novos é positivo, segundo a DGS.
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Quatro anos depois da introdução das imagens-choque nos maços de tabaco, surge o primeiro estudo que indicia que a medida poderá ter tido impacto no consumo, pelo menos junto da população jovem. Entre 2015 e 2019, registou-se uma redução de 24% entre quem diz ter fumado pelo menos uma vez na vida e de 28% entre aqueles que disseram tê-lo feito nos últimos 12 meses.
Os resultados preliminares do Estudo sobre o Consumo de Álcool, Tabaco, Drogas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências, que incide sobre os alunos do ensino público, indica também que a perceção do acesso ao tabaco está também a diminuir: a queda foi de quase de 49% nos jovens com 13 anos, de 42% nos de 14 e de 15% nos 18. "Os resultados são bastante positivos, embora não nos possam deixar satisfeitos, porque ainda há muito trabalho a ser feito. Comparativamente com o álcool e outras drogas, o tabaco é a substância cujo consumo regista uma redução mais significativa", defende Emília Nunes, diretora do Programa Nacional de Controlo do Tabagismo, da Direção-Geral da Saúde (DGS).
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Aumentar mais o preço
Nesse sentido, a par do aumento do preço, das restrições no consumo em locais fechados e da proibição dos cigarros com aromas, as imagens que em 2016 passaram a ocupar 70% do espaço dos maços "podem ter contribuído" para esta evolução: "Os estudos feitos noutros países mostravam que, de facto, esta medida é eficaz na diminuição da iniciação do consumo e no aumento das tentativas para deixar de fumar". No entanto, a eficácia, poderia ter sido maior, contrapõe Hilson Filho, membro da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo, "caso o aumento do preço tivesse sido mais efetivo, tivesse havido uma redução maior dos locais onde é permitido fumar e se a lei não tivesse sido introduzida aos poucos, conforme ia acabando o stock da indústria, até passar a ser obrigatório".
O que fez com que "a ideia inicial se fosse desvanecendo e perdendo força. A lacuna que a lei criou fez com que o impacto fosse reduzido", explica o médico especialista em saúde pública.
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Álcool e tabaco
Segundo o SICAD, o tabaco é, a seguir ao álcool, a substância mais consumida entre os jovens.
Vício diário
Mais de um quarto da população fumadora consome tabaco diariamente: 28% são adeptos dos cigarros tradicionais e 22% dos cigarros eletrónicos.