Costa esquece temas incómodos e enaltece conquistas no clima, educação e contas certas
O primeiro-ministro afirmou, na sua mensagem de Natal, que os seus oito anos no cargo deixam o país "preparado" para o futuro. António Costa destacou três aspetos: a melhoria das qualificações dos portugueses, as alterações climáticas e as contas certas. Não falou de temas mais incómodos, como a saúde ou a habitação.
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Numa altura a que o país está a pouco mais de dois meses de eleições legislativas, Costa salientou, de forma implícita, a importância de eleger um Governo que garanta a continuidade das suas políticas: "Há problemas que ainda temos de ultrapassar? Claro que sim. Mas temos muito trabalho em curso que não podemos parar", referiu.
O primeiro-ministro cessante revisitou o passado, dizendo ter procurado transmitir uma mensagem de "confiança" ao país mesmo nos momentos mais difíceis. A este propósito, lembrou "as angústias da pandemia" e a "tragédia dos incêndios de 2017" - dois dos acontecimentos que mais marcaram os seus mandatos -, dizendo ser necessário assegurar que o problema dos fogos "não se repete".
Costa ignorou temas incómodos, preferindo centrar-se nos resultados em três áreas que considera "fundamentais": as alterações climáticas, o controlo da dívida e a melhoria das qualificações. No seu entender, o Governo teve sucesso em todos estes parâmetros e deixa, por isso, o país "preparado para vencer os desafios" do futuro.
Os três motivos do otimismo de Costa: clima, contas certas e qualificações
Costa descreveu a questão climática como "o maior desafio da nossa geração". Sublinhando que 63% da eletricidade consumida no país é de origens renováveis, vincou que esse valor subirá para 80% até 2026.
Deste modo, o socialista destacou que Portugal é "o país da União Europeia em o maior desafio da nossa geração e Portugal é o país da União Europeia em melhores condições para alcançar a neutralidade carbónica até 2045". Acrescentou que a transição energética é "uma extraordinária oportunidade económica de criação de emprego", de valorização de recursos naturais e de substituição de importações por exportações.
Em segundo lugar, Costa puxou dos galões do controlo das finanças públicas, tema a que tem recorrido como forma de destrunfar o PSD. Frisou que os seus Governos permitiram ao país "libertar-se de décadas de crónicos défices orçamentais" e reduzir a dívida, embora sempre "com base no crescimento ecoonómico" e no reforço de rendimentos.
No entender do primeiro-ministro, a redução da dívida confere "maior liberdade" aos portugueses, seja por permitir escolher "em que áreas desejamos mais investimento ou em que termos defendemos menos impostos".
O chefe do Executivo enalteceu ainda a melhoria das qualificações dos cidadãos, frisando que se conseguiu mitigar "um défice que tinha séculos". Enumerou fatores como a descida do abandono escolar ou o aumento do número de jovens que ingressam no Ensino Superior, sustentando que essa "mudança estrutural" criará novos empregos e ajudará a "romper com um passado de baixos salários".
Costa fechou com nova mensagem de "confiança reforçada" no país, dizendo acreditar que Portugal continuará a "fazer mais e melhor" e a "convergir" em várias áreas com os países mais avançados da União Europeia.
"Nestes oito anos em que tive a oportunidade de conhecer ainda melhor os portugueses e Portugal, só reforcei a minha confiança na nossa pátria", assegurou o primeiro-ministro. Terminou dizendo ter "a certeza de que os portugueses continuarão a fazer de cada ano novo um ano ainda melhor".
