O secretário-geral do PS afirmou que, se os socialistas formarem Governo, revogarão imediatamente o diploma que cria taxas moderadoras para quem recorre ao aborto, considerando essa medida uma marca "vexatória" da coligação PSD/CDS.
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António Costa assumiu esta posição sobre o diploma que, segundo jornal "i" já foi promulgado pelo presidente da República, Cavaco Silva, num debate sobre políticas sociais, em Alverca, município de Vila Franca de Xira.
"É uma marca da direita e é uma marca de retrocesso muito grande, que só pode ter uma resposta com uma maioria do PS: A pura e simples revogação e eliminação da nova lei", declarou, recebendo uma prolongada salva de palmas da assistência.
O líder socialista acrescentou que a nova lei que cria taxas moderadoras na prática do aborto, mais do que se tratar de um sistema sancionatório para quem recorre à interrupção voluntária da gravidez, é um sistema "vexatório". "Demonstra o profundo radicalismo ideológico desta direita", completou.
Tal como acontecera na terça-feira, durante uma sessão em que respondeu a questões formuladas por escrito por internautas, o secretário-geral do PS voltou a ser confrontado com a questão da enorme vaga de refugiados que chega à Europa.
Neste ponto, António Costa voltou a defender uma atitude "pró-ativa" de Portugal neste domínio, sustentando que até poderá trazer benefícios para o país nos planos demográfico e económico, designadamente em zonas do território nacional em risco de desertificação.
"É preciso perceber que a vontade de muitos destes refugiados é uma vontade imparável. Essa ideia de que vamos conseguir travar os refugiados, construindo muros, é errada e mais é uma ideia indigna da Europa", disse, recebendo palmas, antes de aludir aos portugueses que atravessaram "a salto" os Pirinéus na década de 60 e que se instalaram em condições miseráveis na periferia de Paris.
Depois de ter elogiado "o consenso nacional" existente ao nível da integração de imigrantes, António Costa deixou críticas indiretas à atuação do Governo na questão dos refugiados.
"Portugal não tem de ir só à Europa negociar a sua dívida ou as transferências de fundos. Há coisas que Portugal também pode oferecer à Europa, até porque é um dos países menos solicitados pelos refugiados", acrescentou.