O primeiro-ministro António Costa deixou, esta quarta-feira, uma "palavra de alento" a todos os que trabalham no setor da construção, devido às dificuldade na obtenção de equipamentos, componentes e materiais, e ao agravamento dos preços, após visitar obras em curso em Leiria ao abrigo do PRR. E reconheceu que isso obriga a uma maior exigência na sua execução.
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Os problemas no fornecimento de materiais de construção foram motivo de conversa com o responsável pela construção da Unidade de Saúde de Amor, a primeira obra que o primeiro-ministro visitou, acompanhado pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes.
Após António Costa ter manifestado interesse em saber que tipo de equipamentos é que estava em falta, o empreiteiro disse que eram "técnicos". "Mesmo que aprovisionemos com tempo, não há volta a dar", explicou. Apesar disso, o empreiteiro garantiu que a intervenção estará concluída dentro do prazo previsto.
Este obstáculo à execução das obras com mais celeridade foi referido na intervenção do primeiro-ministro. "Tudo isto torna a execução mais exigente. Mas a verdade é que a realização destas obras demonstra a capacidade de superação de quem gere o PRR, como a senhora ministra da Presidência, de quem executa o PRR, como o senhor presidente da câmara, e daqueles que constroem as obras que o PRR financia."
Dois terços das verbas aprovadas
António Costa revelou que, até ao momento, foram aprovadas 93 mil candidaturas ao Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), no valor de 11 mil milhões de euros, o que corresponde a dois terços das verbas. E garantiu que um terço já foi validado pela Comissão Europeia para ser pago, num montante superior a cinco mil milhões de euros.
"O PRR tem um calendário muito exigente, para ser cumprido até ao final de 2026", avisou o primeiro-ministro, mas num tom otimista. "A Comissão Europeia já aprovou um terço das transferências para Portugal, porque cumprimos todas as metas", justificou. "As obras estão no terreno, vão continuar a ir para o terreno, a ser concursadas, a ser lançadas e é assim que, no dia a dia, vamos continuar a ter o PRR em movimento."
Costa adiantou que, no total, "o PRR vai financiar 100 novos centros de saúde e requalificar 326", e disse que "mais de metade destas obras" já estão em curso. "Os cuidados de saúde primários são essenciais e combinam qualidade com proximidade, duas características a que as pessoas são muito sensíveis. É por isso que fizemos esta rede com uma tão intensa capilaridade", explicou Manuel Pizarro, ministro da Saúde.
505 médicos de família em formação
"Felizmente, nestes dois centros de saúde temos capacidade de atendimento para todos os utentes, mas é sabido que isso não acontece em todo o país", admitiu o ministro. "Estamos a fazer um grande esforço para recrutar profissionais para os cuidados de saúde primários. Por isso, na segunda-feira passada, começaram a sua formação especializada 505 futuros médicos de família."
Pizarro salientou o "esforço" que está a ser feito para formar novos profissionais e para os fixar no Serviço Nacional de Saúde. "Hoje, é publicado um despacho, que consagra a passagem de 28 unidades de saúde ao modelo remuneratório especial, associado ao desempenho do modelo que serve mais e melhor as pessoas e que, ao mesmo tempo, gera mais satisfação por parte dos profissionais."
À saída da Unidade de Saúde de Amor, o ministro foi confrontado por um cidadão com a falta de clínicos. "Mas aqui há médicos para toda a gente", respondeu. A declaração foi contestada pelo habitante, inconformado, enquanto alguém saía em defesa do governante, dizendo que não era verdade. Outro morador abordou o primeiro-ministro a propósito do aumento das rendas. Ao JN, Rui Monteiro explicou que, no seu caso, este agravamento "ultrapassou os 2% ilegalmente" e que denunciou a situação ao presidente da República, que remeteu explicações para o Governo. Como o caso estava nas mãos do ex-ministro Pedro Nuno Santos, manifestou preocupação a Costa. "Será dado algum parecer a quem pede ajuda? O primeiro-ministro disse que sim."
A comitiva do Governo seguiu, depois, para a Unidade de Saúde de Parceiros, Azoia e Barosa, onde nove professores empunhavam cartazes do STOP, mas não houve qualquer interação com António Costa. As obras deverão estar concluídas em março ou abril deste ano e foram visitadas para mostrar que os milhões do PRR estão a ser aplicados no terreno. "É fundamental que a boa execução dos fundos comunitários apoie a economia, as empresas e os trabalhadores portugueses para mantermos a trajetória de emprego e de crescimento, que temos tido ao longo dos últimos anos", afirmou o primeiro-ministro.
Gonçalo Lopes, autarca de Leiria, referiu que o valor do investimento nas três unidades de saúde em construção em Leiria ascende a quatro milhões de euros e conta com um apoio do PRR de 3,7 milhões. As obras estarão concluídas em "meados deste ano". O autarca explicou a António Costa que a expectativa é que, após a Unidade de Saúde de Parceiros, Azoia e Barosa entrar em funcionamento, seja "aliviada a carga" dos dois centros de saúde da área urbana, face ao crescimento da população.