Cotrim de Figueiredo apresenta-se como candidato a Belém "contra a resignação"
O eurodeputado liberal Cotrim de Figueiredo afirmou, este domingo, que é candidato presidencial para "combater a resignação" e dar aos eleitores uma opção contra "o passado, cansaço e falta de imaginação".
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Na lista de candidatos presidenciais, os eleitores "olhavam à volta e viam cinzento, passado, cansaço, falta de imaginação e por isso não tinham em quem votar. Agora têm", afirmou Cotrim de Figueiredo, arrancando aplausos da plateia durante o Encontro Nacional Autárquico da Iniciativa Liberal (IL), que decorre no Estoril, Cascais.
"Candidato-me porque todos os que não se resignam a este estado de coisas em Portugal, os que se recusam a ceder ao conformismo, os que inovam e trabalham, os que não ficam à espera do Estado para avançar, os que querem alargar as fronteiras do potencial que este país tem, todos esses não tinham em quem votar", afirmou João Cotrim de Figueiredo, num discurso para as bases do partido de que já foi líder.
"Esta é uma candidatura que vai muito para além" do "meu partido de sempre" e é "bem mais abrangente", disse o candidato, acrescentando que já tem "um conjunto importante de apoios de dirigentes, ex-dirigentes, até de fundadores do PSD, do PS, do Chega, do CDS", que serão divulgados a seguir às eleições autárquicas de 12 de outubro.
Este é um exemplo da "facilidade com que uma candidatura moderna arejada pode aumentar a abrangência dos seus apoios" e é "bastante possível ter um impacto muito grande de erosão nos 60%" de eleitores que já tinham decidido o seu voto.
"Serei um presidente que sabe fazer, serei um presidente que inspira e motiva, não apenas que comenta ou deseja controlar, serei um presidente que acredita muito mais nas pessoas do que no Estado, que tantas vezes só atrapalha", acrescentou Cotrim de Figueiredo, que recusa cedências ao discurso populista.
"Eu saberei mobilizar os mais jovens para não caírem no canto da sereia dos populistas, cuja capacidade de resolver os problemas é inversamente proporcional aos decibéis e aos despautérios com que nos ferem os ouvidos" e é "por isso que sei que esta candidatura vai à segunda volta" e "vai ganhar", afirmou o candidato.
Imaginar e inspirar
A frase "imagina Portugal" não é só um slogan, disse Cotrim de Figueiredo, mas um "convite e um apelo aos portugueses e ao país" para fazer de Portugal "um espaço onde o talento e o trabalho sejam as verdadeiras fontes de progresso".
"Fechem os olhos se precisarem, mas imaginem que Portugal se torna num país moderno", disse o candidato, que defendeu mudanças nos serviços públicos, na saúde, educação, segurança social, habitação e combate à corrupção, propondo "uma economia preparada para o futuro", com "capacidade de atrair e reter todos aqueles que produzem cultura e que produzem conhecimento" e de "gerir a demografia", com "uma política migratória de retenção de talentos preparada para o futuro".
Um presidente da República "não governa, não legisla, mas pode e deve inspirar", procurando "marcar o debate político" e "impedir que o futuro não deixe de ser discutido", salientou Cotrim de Figueiredo.
"É por acreditar em tudo isto que eu sei que a minha Presidência será uma Presidência diferente", disse o antigo líder da IL, que recusa um chefe de Estado "corta-fitas", "comentador", "cinzento e conformado", mas antes com "vontade de energia para mudar as coisas".
"Queremos um presidente autoritário que acabou de despir a farda?", questionou ainda o eurodeputado, arrancando um sonoro "não" da audiência.
Previsões Ventura para a segunda volta
Cotrim de Figueiredo minimizou também as previsões eleitorais de André Ventura e criticou as dúvidas levantadas sobre a independência do Ministério Público face aos períodos eleitorais.
"Não sei se vocês ligam muito às capacidades de previsão política de André Ventura, ele nem das suas próprias decisões consegue fazer previsões", ironizou o eurodeputado liberal. "Nem há um mês, o único fato em que estava interessado era o fato de primeiro-ministro, portanto, nem as suas escolhas de alfaiataria ele consegue prever, quanto mais os resultados da primeira volta", acrescentou, mostrando-se confiante numa vitória. Cotrim de Figueiredo foi depois perentório: "tenho condições para chegar à segunda volta e, chegando à segunda volta, não tenho dúvida que vencerei".
O candidato liberal lamentou também as críticas feitas pelo gabinete do primeiro-ministro, Luís Montenegro, ao momento em que o Ministério Público pediu informações sobre a empresa Spinumviva. "Parece uma discussão requentada das legislativas", incluindo "as insinuações de que há no Ministério Público a gestão dos timings de investigação em função dos calendários eleitorais", comentou Cotrim de Figueiredo.