Crescimento de retalhista bastou para aumentar embalagens plásticas no mercado
Primeiro relatório da iniciativa Pacto Português para os Plásticos mostra avanços: metade das embalagens é reciclável e 7% reutilizável.
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Apesar do esforço das empresas que se comprometeram com o Pacto Português para os Plásticos (PPP), a quantidade de embalagens que chegaram ao mercado em 2020 aumentou comparativamente com o ano anterior. De acordo com Pedro São Simão, coordenador do pacto, as empresas que integram esta iniciativa e que representam 20% do total de embalagens de plástico que chegam ao mercado produziram, em 2019, um total de 90.264 toneladas de embalagens de plástico e, no ano passado, 91.520 toneladas, o que representa um aumento ligeiro de 1,4%.
Para os números contribuiu, sobretudo, o "crescimento de um retalhista", recente no mercado português, pois, no geral, "muitos [operadores], nomeadamente empresas de bebidas, tiveram reduções", explicou São Simão, na apresentação do primeiro relatório de progresso da iniciativa, que decorreu esta quinta-feira, na Universidade de Aveiro.
O documento dá conta dos esforços dos mais de 100 membros (para além de empresas, também fazem parte autarquias, universidades, associações e outras entidades) e dos resultados positivos alcançados nas várias metas, que pretendem terminar com a poluição de plástico em Portugal, através da transição para uma economia circular.
Na cerimónia, a secretária de Estado do Ambiente, Inês Santos Costa, lembrou a publicação, na semana passada, da revisão do regulamento sobre o movimento transfronteiriço dos resíduos, que "complica a vida a quem quer exportar ou movimentar resíduos com destino a incineração ou aterro". Revelou, ainda, que "podem existir mais obrigações de redução ou mesmo de eliminação no horizonte", pois, em conversa informal com o comissário europeu do ambiente, percebeu que há "vontade de avançar para a eliminação de determinados plásticos, como PVC".
Metas com bons indicadores
Relativamente à primeira meta, que visa eliminar os plásticos de uso único problemáticos e/ou desnecessários, sabe-se agora que estes representam menos de 4% do total de embalagens de plástico colocadas no mercado pelos membros da iniciativa. "Mais de dois terços deste valor correspondem a dois tipos de plásticos de uso único - embalagens de plástico não detetáveis em sistemas de triagem e embalagens em PVC", referiu Pedro São Simão, salientando que ainda não há legislação que exija a sua eliminação, mas os membros da iniciativa comprometeram-se a isso.
Quanto à intenção de 100% das embalagens de plástico serem reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis, atualmente "mais de metade das embalagens de plástico já são recicláveis em Portugal", e "muitas mais poderiam ser se novos fluxos de triagem de resíduos de plástico fossem criados", adiantou o coordenador do pacto. Em 2020, cerca de 7% das embalagens dos membros do PPP eram reutilizáveis.
A taxa de reciclagem de embalagens de plástico, em 2019, atingiu 36%, exigindo de toda a cadeia de valor, incluindo os consumidores, "um reforço de medidas para aumentar a reciclagem", com vista a alcançar a meta de 70% em 2025. Ainda não há dados para 2020.
No que diz respeito à quarta meta, que pretende que as embalagens colocadas no mercado pelos membros do PPP incorporem 30% de plástico reciclado, o relatório demonstra que, no ano passado, estas já incorporavam 10% de plástico reciclado em média. Cada vez há mais membros que "já colocam no mercado embalagens com 100% de plástico reciclado", afirmou Pedro São Simão.
O PPP é liderado pela Associação Smart Waste Portugal e pertence à Plastics Pact Network da iniciativa New Plastics Economy, da Fundação Ellen MacArthur, que une 12 iniciativas similares em diferentes geografias do globo.