Pedro Soares, membro do "Movimento Convergência" e crítico da liderança de Catarina Martins, voltou a insistir na antecipação da Convenção Nacional e acusou o partido de não fazer a leitura dos motivos que levaram à derrota nas eleições de 30 de janeiro. Ao JN, Pedro Soares afirma que a Conferência Nacional deste sábado não "definiu rumo estratégico algum" para o partido.
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A IV Conferência do Bloco de Esquerda, que decorreu este sábado, em Lisboa, tinha como principal objetivo definir o rumo estratégico do partido. Para Pedro Soares, crítico do partido nos últimos seis anos, esse objetivo não foi cumprido e a conferência foi "absolutamente insuficiente". "Não é possível definir um rumo estratégico novo sem fazer um balanço do anterior", afirmou.
Para o crítico da atual liderança bloquista é "fundamental que se fale do passado quando ele tem um papel no futuro", e para isso é preciso marcar urgentemente uma convenção nacional, disse. A próxima está agendada para 2023.
Segundo Pedro Soares, durante a conferência, vários delegados manifestaram a necessidade de realizar uma Convenção "o mais rapidamente possível" para que o partido possa fazer um balanço "perante uma situação de grandes mudanças no mundo, no país, de uma nova maioria absoluta que não existia nem ninguém previa".
Contradição provocou queda eleitoral
Para Pedro Soares, um dos erros do BE foi não ter feito oposição e ter deixado transparecer que "fazia parte do governo ou da maioria de apoio ao governo". Foi esse o grande problema, diz, uma "contradição" entre a "proximidade tóxica em relação ao PS e depois o chumbo do Orçamento de Estado", que acabou por ditar a antecipação das eleições.
Durante a campanha eleitoral, Pedro Soares conta que os cidadãos não compreendiam o apoio do Bloco ao Governo e o chumbo do orçamento. Uma estratégia "ziguezagueante" que levou à "perplexidade" de muitos eleitores.
Perante uma maioria absoluta do Partido Socialista, a tarefa mais fácil é ser oposição, defendeu Pedro Soares, algo que não tem sido feito nos últimos seis anos, atirou. O que se coloca, questiona, é "qual é a política seguinte que se vai fazer e qual é o espírito autocrítico relativamente ao rumo anterior que possa de alguma forma sustentar uma definição política futura". Isso não foi feito, vinca.
Para o crítico, a geringonça já era uma ideia "ultrapassada", um parêntesis que se fechou há muito tempo e não apenas agora como aludiu Catarina Martins este sábado. "Foi pena o Bloco não ter assumido isso", concluiu.