O presidente da Câmara Municipal de Lisboa anunciou que o custo do altar-palco da Jornada Mundial da Juventude 2023 (JMJ 2023) passará para 2,9 milhões. A infraestrutura será, por isso, reduzida em altura, bem como a área que ocupará no Parque Tejo. Mantém-se a construção do palco no Parque Eduardo VII, agora no valor de 450 mil euros, um encargo assumido pela Igreja.
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Carlos Moedas confirmou ao início da tarde os números que durante a manhã tinham sido adiantados pelo presidente da República: o palco principal da JMJ passará a custar 2,9 milhões de euros, ao invés dos 4,2 milhões previstos. Deste valor fica fora o acréscimo do IVA, somando-se ainda 1,06 milhões de euros para os ensaios e fundações que garantem a segurança do palco, umq vez que ficará localizado ao pé do rio, sublinhou Moedas.
O investimento no Parque Tejo ficará, assim, nos 20 milhões de euros, o necessário para "um evento digno", defendeu o presidente da Câmara, numa conferência de imprensa conjunta com a fundação da jornada.
O autarca de Lisboa justificou o corte com a redução da altura do palco que passará de nove para quatro metros. "É como se retirássemos todo um andar", apontou Moedas, explicando que esta redução irá significar que 30 mil pessoas que estejam no evento tenham uma visibilidade reduzida das cerimónias que irão decorrer no palco. Além disso, o número de pessoas em cima do palco passa de duas mil para 1240. Já a área de implantação do palco passará de cinco mil para 3250 metros quadrados.
Palco no Parque Eduardo VII ficará pelos 450 mil euros
Recorde-se que estava previsto que o palco principal no Palco Tejo custasse 4,2 milhões de euros (mais IVA). Quanto ao custo da infraestrutura no Parque Eduardo VII, ficará pelos 450 mil euros, adiantou Moedas. O autarca desmentiu, por isso, os valores avançados entre 1,5 a 2 milhões, dizendo que o projeto não se encontrava até então fechado. Com este corte, reduz-se em 1,7 milhões de euros o etário público, apontou Carlos Moedas.
O autarca de Lisboa reiterou ainda que o altar-palco será custeado pela Câmara, enquanto o palco no Parque Eduardo VII será pago pela Igreja Católica.
Em termos de custos para a autarquia, o orçamento tem um teto de 35 milhões, dos quais 10 milhões serão alocados diretamente para o evento e 25 destinam-se em investimento em Lisboa, um gesto que Moedas garante que "vai ficar para a cidade".
O autarca de Lisboa garantiu ainda que a Monta-Engil, a empresa que irá construir a infraestrutura no Parque Tejo, não recebeu qualquer indemnização ou compensação face a esta mudança no projeto, pelo que será feito um novo contrato tendo em conta estas alterações.
Esta manhã, em Celorico da Beira, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha avançado com o corte no custo do palco principal, mostrando-se satisfeito com a redução de mais de metade do custo inicialmente previsto. "Quer dizer que, de sete milhões [incluindo o IVA] passa-se para 2,9. Acho que valeu a pena aquilo que a comunicação social e a sociedade portuguesa fez como apelo que, nestes tempos difíceis de guerra e de inflação, subida de preços e dificuldade da vida, era preciso, de facto, baixar [os custos]", disse em declarações aos jornalistas.
Estima-se que a organização da JMJ custe mais de 160 milhões de euros ao Governo, Igreja Católica e câmaras de Lisboa e Loures. Ainda não são conhecidos os gastos dos encargos sob a alçada do município de Oeiras.
Recorde-se que os custos do evento têm estado na ordem do dia depois de ser conhecido o custo polémico do altar-palco em que se irá realizar a missa de encerramento da jornada. A JMJ 2023 irá decorrer, em Lisboa, de 1 a 6 de agosto, e espera-se que receba 1,5 milhões de jovens de todo o Mundo.
A Jornada Mundial da Juventude em números
Além do custo do palco principal, dos 20,2 milhões de euros destinados ao Parque Tejo - onde deverão decorrer as principais celebrações religiosas da jornada -, fazem parte 1,6 milhões alocados a estudos, projetos e fiscalização, 7,1 milhões para a reabilitação do aterro de Beirolas, 1,6 milhões em ensaios e fundações indiretas ao altar-palco para permitir que o solo aguente mais peso, 3,3 milhões em infraestruturas e equipamentos, e ainda 4,2 milhões para a construção de uma ponte pedonal no Rio Trancão.
Já no Parque Eduardo VII, a câmara conta gastar um total de 3,4 milhões de euros, dos quais cerca de 430 mil em instalações sanitárias, 1,8 milhões em ecrãs, som e estruturas, 300 mi em infraestruturas e equipamentos, 360 mil em luzes e som para o palco secundário, 250 mil em produção e vigilância e outros 220 mil para outras necessidades, sendo que o palco de 450 mil euros será custeado pela fundação organizadora da JMJ.
Em termos de custos transversais, há um teto de 6,6 milhões de euros para os serviços do Regimento de Sapadores Bombeiros, da Proteção Civil e da Polícia Municipal e de 1,1 milhões para intervenções necessárias.
A câmara estima ainda um investimento de dois milhões de euros nos três recintos destinados ao Festival da Juventude: Terreiro do Paço (700 mil), Alameda D. Afonso Henriques (700 mil) e Belavista (600 mil).