O PSD vai abster-se na moção de censura apresentada pela IL, que será discutida na quinta-feira no Parlamento. O líder social-democrata, Luís Montenegro, explicou que o seu partido não é uma força "de protesto" e, como tal, tem a responsabilidade de respeitar a escolha que os portugueses fizeram há menos de um ano nas urnas, que deu a maioria absoluta ao PS. "Não queremos derrubar o Governo nesta altura", rematou.
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"Nesta altura, estar a agravar a situação do país, com a abertura de uma crise política e com uma campanha eleitoral de três ou quatro meses, seria um desrespeito pela vontade manifestada pelo povo há ainda pouco tempo", afirmou Montenegro, no Parlamento. Além disso, seria igualmente "um desrespeito pela situação concreta que os portugueses vivem", reforçou, referindo-se às dificuldades agravadas pela inflação.
"Nós não defendemos a queda do Governo e assumimos isso com toda a frontalidade", prosseguiu o presidente do PSD. Considerando que o derrube do Executivo - que ocorreria caso a moção de censura fosse aprovada - "acrescentaria ainda mais problemas a Portugal", Montenegro atirou: "Este é o momento em que o Governo tem de governar bem" e de "resolver os problemas" do país.
O líder social-democrata disse não sentir, atualmente, que os portugueses tenham "como prioridade" a queda do Executivo. Embora sublinhando que o Governo está "a governar mal", argumentou que o mais urgente é resolver os "enormes" problemas que o país enfrenta, como o aumento "incomportável" do custo de vida à cabeça.
Como tal, disse ser necessário "respeitar a vontade do povo", manifestada "por vontade livre e democrática" nas eleições de janeiro de 2022: "No PSD não somos um partido de protesto, somos um partido de governo", afirmou, numa alusão a IL e Chega. O partido de André Ventura deverá ser o único a votar a favor da moção de censura dos liberais.
"O PSD tomou uma decisão, contrariamente ao que muita gente diz: não ficar nem do lado da inconsequência nem do lado da incompetência", afirmou Montenegro. A "inconsequência" diz respeito ao facto de a moção estar condenada ao fracasso, ao passo que "incompetência" é aquilo que, segundo o líder do PSD, o Governo tem revelado nos últimos tempos.
Montenegro reuniu esta terça-feira com os deputados do partido, no Parlamento. Garantiu que estes deram um apoio "esmagador" à decisão da direção de abster-se na moção de censura. "Não tive nenhuma manifestação em sentido contrário", vincou. Uma vez que todos os deputados tiveram a oportunidade de falar, o líder interpretou o silêncio dos que não intervieram como uma prova de apoio à decisão da direção.