Especialistas alertam para subida de indicadores de risco e defendem medidas locais como o reforço dos testes e rastreios nesses municípios.
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Oito concelhos não deviam avançar para a segunda fase de desconfinamento, devido à subida do índice de transmissibilidade (Rt) e por terem elevadas taxas de incidência ajustada à população, defendem ao JN o matemático Óscar Felgueiras e a pneumologista Raquel Duarte.
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"Se fossem seguidos os critérios do plano", frisa Óscar Felgueiras, Moura, Portimão, Lagoa, Monchique, Mourão, Odemira, Lagos e Sines eram os oito concelhos de maior risco que, na avaliação de quinta-feira, não deviam avançar para a segunda fase. Cinco são no Algarve, a única região onde o índice de transmissibilidade (Rt) já está acima de 1 (1,19), revelou no sábado o primeiro relatório de monitorização das linhas vermelhas para a covid-19.
MEDIDAS "CIRÚRGICAS"
Nos 19 concelhos com uma taxa de incidência acima de 120 casos por 100 mil habitantes (o dobro da média do país), e especialmente nos oito de maior risco, deviam ser aplicadas medidas locais "cirúrgicas", como mais testes e rastreios para se interromperam as cadeias de transmissão e se "evitar a contaminação dos concelhos vizinhos", sublinha Raquel Duarte.
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António Costa apontou 13 concelhos com taxas de incidência acima de 120 casos por 100 mil habitantes (um dos limiares para a suspensão do desconfinamento) e seis com uma taxa de 240 casos por 100 mil habitantes que, se mantiverem os valores daqui a duas semanas, travam o desconfinamento.
A proposta inicial, explica Raquel Duarte, "previa que o levantamento das medidas se baseasse na incidência ajustada à população (pois um surto pode fazer disparar a taxa bruta num concelho com pouca população ou diluir-se num populoso) e não por datas pré-definidas".
A subida do Rt deve prosseguir. O cálculo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge reporta ao início de sintomas e como o período de incubação é de cerca de cinco dias, o Rt de 0,97 divulgado anteontem refere-se a infeções contraídas dia 21, indicando "um aumento de contágios a meio da segunda semana da primeira fase do desconfinamento", explica Óscar Felgueiras.