A presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, Carla Rodrigues, fez críticas sobre as desigualdades no acesso à procriação medicamente assistida, especialmente no Algarve e Alentejo.
Corpo do artigo
Carla Rodrigues, presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), criticou no podcast “Como anda a nossa saúde?” as desigualdades no acesso à procriação assistida, especialmente no sul do país, como é o caso de Alentejo e Algarve.
O Governo anunciou há dois anos que ia abrir um centro de procriação medicamente assistida no Algarve. Chegou a estar programado para abrir em janeiro de 2023, mas a inauguração não chegou a acontecer, assim como nunca deu entrada no CNPMA um pedido de autorização para essa abertura, disse Carla Rodrigues no episódio de podcast publicado na quarta-feira.
A Associação Portuguesa da Fertilidade, em 2023, expressou também o seu descontentamento perante a atitude do governo em prometer algo que não consegue cumprir.
Neste momento, as pessoas que procuram tratamento e vivem no Alentejo e Algarve são obrigadas a deslocar-se até Lisboa.
Na conversa no podcast “Como anda a nossa saúde?”, produzido pela Onya Health e conduzido por Vânia Lima, Carla Rodrigues criticou ainda a falta de recursos necessários no Banco Público de Gâmetas - serviço disponibilizado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) responsável pelo recrutamento e seleção de dadores de óvulos e espermatozóides -, que influencia as disparidades no número de doações em hospitais privados e públicos.
Revelou ainda que, em 2021, no privado houve 1022 doações de ovócitos, enquanto no público houve 27. No caso dos espermatozoides, no privado registaram-se 470 doações e no público 22.
Segundo a presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, as razões por detrás destes números são financeiras. “São precisos, desde logo, recursos para a compensação que é dada aos dadores, e esses recursos não existem. São precisos recursos para que o Banco Público de Gâmetas tenha alocados os profissionais, os meios humanos e técnicos necessários para fazer esta colheita. E não tem.”, afirmou Carla Rodrigues.
A infertilidade continua a ser um problema de saúde que atinge muitos casais, o que reforça a importância da procriação medicamente assistida e da resolução de problemas que a envolvem, como as listas de espera de três anos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada seis pessoas no mundo sofre de infertilidade, que pode ser definida como a ausência de gestação após 12 meses a tentar procriar.
Ou seja, cerca de 17% da população mundial sofre de infertilidade, o que significa que precisam de recursos de procriação medicamente assistida. Em Portugal, esse número representa cerca de 1 milhão e 700 mil pessoas que sofrem desta doença, um número considerável, dados fornecidos por Carla Rodrigues no episódio de podcast dedicado à procriação medicamente assistida.