O Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), Rovisco Duarte, elaborou um despacho para reforçar as medidas de segurança nos paióis de Tancos, há cerca de um ano, mas o documento nunca chegou a ser formalmente assinado.
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De acordo com uma notícia avançada este sábado pelo "Expresso", que teve acesso a documentação interna, a proposta de despacho foi dada a 16 de setembro do ano passado e concentrava-se na criação de só pelotão dedicado à manutenção da segurança.
Passados quase 12 meses, já depois do assalto a Tancos, o documento, composto por duas páginas, continua sem ser assinado, tendo, segundo o semanário, ficado "na gaveta" do gabinete do CEME, chefiado pelo general José Fonseca e Sousa.
O despacho, elaborado cinco meses depois de Rovisco Duarte tomar posse como Chefe do Estado-Maior do Exército, propunha a criação de um "pelotão (...) com a especialidade de PE (Polícia do Exército), constituído por um oficial, três sargentos e 21 praças." O sistema devia estar ativo em março de 2017. Até lá, manter-se-ia o sistema que ainda está em vigor.
Atualmente, existe a segurança dos paióis é assegurada por militares de quatro equipas, de forma rotativa, sob a coordenação da Brigada de Reação Rápida. O "Expresso" adianta ainda a hipótese de a concentração da segurança num só pelotão, que devia garantir a organização, recursos humanos e meios necessários, poder ter sido afastada por ser dispendiosa em recursos e efetivos, além de que poderia criar "vícios".
A proposta adiantava que seria o Comando de Forças Terrestres (CFT) - de quem depende a Brigada de Ação Rápida - a assumir funções. O CFT era comandado, na altura, pelo general Faria de Menezes, que se demitiu em julho por contestar do CEME de "exonerar temporariamente" cinco oficiais, na sequência do assalto.
Fonte oficial do Exército garantiu "não existirem documentos relacionados com a segurança dos Paióis Nacionais de Tancos a aguardar despacho" no gabinete do CEME, mas fontes militares contactadas pelo semanário indicam que se o despacho tivesse sido aplicado atempadamente, o assalto poderia não ter chegado a acontecer.