O secretário de Estado da Saúde justificou a diminuição de novos casos de infeção registados esta segunda-feira com a subnotificação de casos.
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"Os números são aparentemente mais animadores", disse o secretário de Estado da Saúde na conferência de imprensa sobre os dados do boletim epidemiológico desta segunda-feira, ressalvando, no entanto, que o decréscimento de casos se deve uma "subnotificação de casos, devido ao fim de semana". "Estima-se portanto que os números se mantenham na ordem de grandeza dos dias anteriores e espera-se que leve ainda algum tempo até que comece a haver um decréscimo significativo", afirmou António Lacerda Sales,
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Os esforços, acrescentou o governante, "continuam centrados" em Lisboa e Vale do Tejo, com atenções redobradas em Loures, Odivelas, Amadora, Sintra e Lisboa. "Tão importante como saber onde estão estes casos novos é identificar os contactos próximos de forma a quebrar cadeias de transmissão ativas e é isso que estamos agora a fazer", referiu Lacerda Sales, apelando à "responsabilidade individual de cada um" e ao cumprimento das indicações de isolamento.
A este propósito, questionado sobre se haverá fiscalização apertada nesta semana de feriados e Santos Populares, Lacerda Sales disse que não há intenção de "impedir a mobilidade das pessoas", mas que esta terá de ser feita "com sentido de responsabilidade e organização". E admitiu que, embora haja ações de sensibilização "todos os dias", poderão existir operações em locais específicos.
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Confrontado pelo "Jornal de Notícias" com o comentário em que Rui Rio questiona o Governo sobre os critérios que permitem determinados "ajuntamentos" e impedem outros, o secretário de Estado da Saúde disse que não iria comentar "intervenções de outros agentes políticos", mas sublinhou que todos os ajuntamentos devem ser feitos "de acordo com regras e diretrizes da DGS e com regras sanitárias devidamente avaliadas".
Situação "pacífica" em escolas e creches
Quanto ao eventual papel da reabertura das creches e escolas no aumento de casos de infeção nos mais jovens, a diretora-geral da Saúde disse que a situação "tem sido pacífica" e que têm sido reportadas "situações individuais", respondidas com uma intervenção "muito rápida e clara" das autoridades de saúde.
"Em meninos mais crescidos, vai a turma toda para casa, ficam em isolamento - e além da turma, mais alguns contactos próximos que possam existir - e são feitos testes a todos. Os meninos muito pequeninos não são testados, a não ser que desenvolvam sintomas, mas também ficam em isolamento", explicou Graça Freitas, acrescentando que não se têm verificado "cadeias de transmissão".
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"Várias centenas de pessoas" realojadas em habitações alternativas
Questionado sobre o número de pessoas que, na falta de condições para cumprirem o isolamento em casa, recorreram a habitações alternativas, o secretário de Estado respondeu que "várias centenas de pessoas" foram realojadas nas "várias estruturas" criadas desde o início da pandemia (Pousadas da Juventude e unidades Inatel), preparadas com mais de mil camas. "Nenhuma das estruturas ficou completamente cheia, portanto continuam disponíveis caso exista determinação por parte das autoridades locais de saúde pública para o realojamento seja de doentes positivos, seja para de doentes negativos, quando os positivos ficam em casa", acrescentou.
Testes
Testes serológicos "devem ser usados com parcimónia"
Questionado sobre a comercialização de testes serológicos, que levou o Infarmed a manifestar-se preocupado com a sua "disseminação", o secretário de Estado considerou que o regulador tomou uma "posição correta", reforçando que "estes testes devem ser usados com parcimónia e em condições controladas". "Devem ser feitos de forma organizada e não aleatória, porque o importante é ver, em termos de grupo, qual é a imunização", disse Lacerda Sales, acrescentando que, se estes testes forem feitos "de forma individualizada", podem transmitir "uma falsa sensação de segurança" ao indivíduo. "A importância deste tipo de testes em termos de saúde pública é muito alta, mas de facto feito de forma individual, é relativamente baixa."
936 mil testes de diagnóstico desde março
Desde o dia 1 de março, realizaram-se em Portugal 936 mil testes de diagnóstico à covid-19, sendo que, na semana passada, a média de testes diários foi de 13 mil e 100. Do total de testes, 45% foram realizados em laboratórios públicos, 39,2% em laboratórios privados e 15,8% em laboratórios que envolven a Academia e o Laboratório do Exército.
Central fruteira do Bombarral vai continuar a operar
Apesar dos novos casos de infeção na central fruteira no Bombarral, o secretário de Estado recordou que, do total de 274 testes realizados aos trabalhadores, 20 deram resultado positivo, e que a autoridade local de saúde fez, no domingo um vistoria à central, tendo ficado decidido "que se manteria a laborar, obviamente com as condições de segurança que são exigidas".