O coordenador da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, Pedro Strecht, revelou, esta segunda-feira, que "um diretor de uma Comissão Diocesana é apontado como alegado abusador".
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Questionado sobre se a Comissão Independente tem alguma desconfiança em relação ao trabalho futuro das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores, Strecht disse que "existe confiança", mas que a maioria das vítimas "não se sentem à vontade" para usá-las como primeiro lugar de denúncia. "Os casos comunicados às comissões diocesanas foram muito poucos, recebemos oito da totalidade das 21 comissões", referiu. A resposta foi dada a uma pergunta foi feita pelo antigo procurador geral da República, José Souto Moura, que é presidente da Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas e Castrense de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis.
Pedro Strecht avançou que "há um caso complicado em que um diretor da comissão diocesana é apontado como alegado abusador e o senhor bispo em causa está consciente dessa situação", disse, sem revelar de que diocese estava a falar. O pedopsiquiatra referiu ainda outras "situações complexas". "Temos conhecimento, através da consulta de alguns arquivos, de pelo menos uma dessas situações. Há um parecer de uma comissão diocesana que o respetivo bispo renega, não dando importância e a própria Comissão protesta em relação a isso".
Strecht salientou contudo que estas situações "não tiram o trabalho meritório que as Comissões têm vindo a fazer". As comissões diocesanas foram criadas dentro da Igreja em 2019 para investigarem casos de abuso sexual, por ordem do Papa Francisco.