O Diretor -Executivo do Serviço Nacional de Saúde garantiu, este sábado, que até ao verão serão tomadas medidas para melhorar a gestão dos hospitais, a organização dos serviços, bem como a captação e fixação de profissionais de Saúde. E está determinado em mudar administrações hospitalares porque é preciso "lideranças que inspirem".
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Fernando Araújo falava aos jornalistas no final da sua intervenção na conferência "Estados Gerais - Transformar o SNS", organizado pela Fundação para a Saúde, que está a decorrer este sábado, no Porto.
No seu discurso, o Diretor-Executivo do SNS referiu que "o Serviço Nacional de Saúde está num ponto crítico", pressionado pelo aumento da procura e a limitação da oferta.
"Temos de fazer transformações rápidas e urgentes se queremos recuperar a confiança dos portugueses e dos profissionais", afirmou.
Ao longo dos anos, apontou, aumentou o orçamento do SNS, aumentaram os recursos humanos, "mas parece que nada mudou".
Referindo-se à atividade hospitalar, adiantou que, em 2022, foram atingidos recordes de cirurgias e consultas, mas a procura continua a ser muito superior às necessidades. "E a covid-19 não explica isto porque a taxa de crescimento é superior" ao que ficou por fazer nos dois anos pandémicos. "Há um gap de 20% a 30% de necessidades não satisfeitas", resumiu Fernando Araújo.
"Temos mais verbas, mais recursos, mais produção e continuamos com pessoas insatisfeitas porque o SNS não responde aos seus anseios", resumiu Fernando Araújo.
Perante "o risco de se perder uma janela muito estreita", "este é o tempo de implementar mudanças", defendeu, apontando um prazo.
"Nós achamos que até ao verão teremos que ter capacidade de mudar e de colocar já no terreno algumas destas medidas", afirmou, perante os jornalistas, referindo-se a questões relacionadas com o planeamento e a organização dos cuidados de saúde.
"O tempo é curto, é verdade, mas acho que estes primeiros três meses são fundamentais para promover esta alteração da organização de cuidados", acrescentou.
Questionado sobre as mudanças nas administrações hospitalares, Fernando Araújo afirmou que a Direção-Executiva está determinada em fazer acontecer, "independentemente das críticas, das questões, dos problemas".
"Nestes primeiros seis meses vão assistir seguramente a mudanças no dia a dia das instituições. Nas lideranças é um exemplo, mas noutras áreas também", assegurou.
Sobre os recursos humanos, Fernando Araújo considerou que o problema vai para além dos vencimentos, ainda que estes sejam baixos e tenham de ser revistos. A questão assenta em olhar para os profissionais mais novos com "outra lupa" porque o que valorizam é diferente do que as gerações anteriores valorizavam.