Os diretores escolares pedem ao Governo "sinais" que permitam afastar a "nuvem cinzenta" que paira na Educação e valorizar os professores. Em causa está o arranque do segundo período, que será marcado por greves de docentes e não docentes. Para esta terça-feira, a FENPROF agendou uma concentração junto ao Ministério da Educação. Os diretores consideram "justas" as reivindicações dos professores e há quem aponte para a necessidade de os ministérios da Educação e das Finanças se sentarem à mesa com os sindicatos.
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"No início do ano letivo, em setembro, eu dizia que o ano ia começar com uma nuvem cinzenta. Referia-me à escassez de professores. Esta nuvem cinzenta está cada vez a ficar mais escura", afirmou ao JN Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, sublinhando que "os professores têm motivos mais do que suficientes para estarem desagradados".
"Há fatores que, na minha opinião, deram razão aos professores para enveredarem por este tipo de luta. A avaliação de desempenho dos professores e dos diretores é injusta, o vencimento dos professores é baixo tendo em conta a sua responsabilidade e há uma enorme burocracia na qual os professores estão envolvidos e que os obriga a trabalhar muito mais do que as 35 horas", exemplificou.
Questionado pelo JN sobre se as aprendizagens dos alunos poderão ficar em causa, Filinto Lima diz que vai depender da duração e da adesão à greve. E não esconde a preocupação. "Queremos soluções, estabilidade e paz nas escolas. Percebemos que o segundo período vai começar sem soluções, estabilidade e paz. Não é isso que queremos. Os professores sentem-se desprezados porque sentem que outros funcionários públicos levam a sua avante e a profissão de professor não é valorizada e dignificada", lamentou Filinto Lima.
Filinto Lima acredita que a greve poderá "forçar a que o ministério da Educação se sente à mesa com os sindicatos". Mas deixa um alerta: "se nessa mesa de trabalho não estiver o ministério das Finanças, acho que de pouco vale o que disser o ministério da Educação. Os ministérios das Finanças, de todos os governos, não têm sido amigos da Educação".
Manuel António Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, também considera "justos" os motivos do "descontentamento dos professores". "Temos vindo a pedir ao ministério e ao próprio ministro, com urgência, sinais para dentro das escolas. A verdade é que, passados nove meses ou mais deste Governo, os sinais não chegaram. Entretanto, todos os motivos que levam ao descontentamento dos professores e que, no limite, vão levar à greve são justos e conhecidos. O ministério conhece-os muito bem. É preciso que o Governo dê sinais para dentro das escolas e diga que algumas das questões que nos preocupam vão ser resolvidas", frisou.