Dirigente suspensa do CDS Açores alega que não foi avisada de processo disciplinar
O secretário-geral do CDS-PP/Açores disse esta segunda-feira que foi notificado pelo Conselho Nacional de Jurisdição de que a deputada Graça Silveira, que passou a independente, estava suspensa, mas esta alega nem ter sido informada do processo disciplinar.
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"Fui notificado, na qualidade de secretário-geral do CDS/Açores, para dar cumprimento à decisão do presidente do Conselho Nacional de Jurisdição do CDS de suspender preventivamente a doutora Graça Silveira da sua qualidade de militante e de dirigente nacional, regional e local do CDS-PP, no âmbito do processo disciplinar em curso em consequência da sua passagem a deputada independente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores", adiantou à Lusa o secretário-geral do CDS-PP/Açores, Alonso Miguel.
A deputada regional centrista, eleita pelo círculo de compensação, anunciou em 14 de outubro que iria abandonar o seu grupo parlamentar, justificando a decisão com a "prepotência" e "perseguição" do líder regional do partido, Artur Lima.
"Enquanto Artur Lima mantiver esta atitude vingativa e persecutória em relação a uma deputada também eleita pelo seu partido, e enquanto não se esclarecerem um conjunto de preocupantes suspeições que fogem ao controlo democrático do grupo parlamentar, suspendo a minha participação", afirmou, na altura, Graça Silveira, em conferência de imprensa, na sede do parlamento, na cidade da Horta.
A deputada acusou o líder regional do partido de a ter afastado das comissões permanentes do Parlamento açoriano e de ter reduzido ao máximo as suas intervenções em plenário, depois de ter assumido publicamente o seu apoio à candidatura de Luís Silveira, presidente da Câmara Municipal das Velas, à liderança do CDS-PP/Açores.
"Passarei, de novo, a exercer as minhas funções enquanto deputada, eleita pelo CDS, mantendo a militância no CDS, continuando a cumprir com as minhas obrigações enquanto dirigente regional e nacional do CDS, mas fora do grupo parlamentar presidido pelo deputado Artur Lima", frisou Graça Silveira.
Segundo Alonso Miguel, que é também deputado à Assembleia Legislativa dos Açores, o processo disciplinar ainda "está a decorrer", mas o Conselho Nacional de Jurisdição entendeu que até ao seu desfecho a deputada ficaria "suspensa" da sua militância e dos cargos que ocupa.
"Não me compete falar sobre a decisão que foi tomada pelo Conselho Nacional de Jurisdição. Obviamente que para terem tomado uma posição destas é porque, tendo em conta o que aconteceu, consideram que a gravidade é suficiente para que a militante seja suspensa com efeitos imediatos", apontou.
Questionada pela Lusa, Graça Silveira disse, no entanto, desconhecer esta decisão, alegando que ainda nem foi notificada da existência de um processo disciplinar.
"Não fui informada de ter sido suspensa de nenhuma função enquanto dirigente, de ter sido suspensa enquanto militante, de rigorosamente nada", afirmou.
A deputada açoriana acrescentou que, "oficialmente", nem recebeu qualquer notificação da existência de uma queixa disciplinar, sublinhando que se houver sanção a aplicar será no fim do processo.
Graça Silveira é vogal da Comissão Política Nacional do CDS-PP e é presidente do Conselho Económico e Social do CDS-PP/Açores, pertencendo, por isso, também à Comissão Diretiva Regional do partido.