Recomendação da Sociedade Portuguesa de Alergologia. Para as restantes alergias, defendem análise risco-benefício por Imunoalergologistas.
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Face aos efeitos secundários da vacina contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech já conhecidos, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) veio, esta manhã, recomendar que a Cominarty "não seja administrada em doentes com antecedentes de reações alérgicas graves a vacinas". No mesmo esclarecimento, sublinham que, e apesar da informação clínica ser ainda limitada, "não se supõe existir um risco acrescido de efeitos adversos à vacina em doentes asmáticos, com rinite alérgica ou com eczema".
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Salvaguardando os doentes com histórico de reações graves, aquela sociedade recomenda, por outro lado, que "a relação risco-benefício seja avaliada por um Imunoalergologista nos casos de anafilaxia prévia a medicamentos, alimentos, latex, venenos de himenópteros e ainda nos casos de anafilaxia idiopática, síndromes de ativação mastocitária e imunodeficiências primárias".
Recorde-se que, até à data, foram reportados quatro casos de reações adversas, que levaram as autoridades do Reino Unido e dos EUA a recomendarem que pessoas com histórico de alergias graves não devem ser imunizadas. Os efeitos secundários mais conhecidos, ligeiros a moderados, são os comuns à toma de uma vacina, como a da gripe: dor e inchaço no local da injeção cansaço, dor de cabeça, arrepios ou febre. Isso mesmo revelou a Agência Europeia do Medicamento na passada segunda-feira, aquando do aval à introdução no mercado da vacina da Pfizer/BioNTech.
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As vacinas - duas injeções no braço com, pelo menos, 21 dias de intervalo - "só deverão ser administradas em Unidades de Saúde onde existam profissionais devidamente treinados e meios adequados para o tratamento de eventuais reações alérgicas", frisa a SPAIC. Sendo que "deverá ser respeitado um período de vigilância de 30 minutos após a administração da vacina". Aquela sociedade lembra ainda que as reações alérgicas às vacinas do Plano Nacional de Vacinação são raras, com as mais graves (reações anafiláticas) a ocorrerem em menos de um por 100 mil indivíduos.
Os imunoalergologistas,adianta a SPAIC, "estão disponíveis para investigar todos os doentes com reações alérgicas graves às vacinas para o SARS-CoV-2 que venham a estar disponíveis em Portugal". Estando aquela sociedade científica desde já pronta a "colaborar e prestar consultadoria científica à Direção-Geral da Saúde, ao Infarmed, aos Coordenadores do "Plano de vacinação contra a COVID-19"".
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Recorde-se que Portugal encomendou 22 milhões de doses de vacinas contra o SARS-CoV-2, num investimento de 200 milhões de euros. A vacinação arranca no próximo domingo - como nos restantes Estados-membros - com 9750 doses a serem administradas exclusivamente em profissionais de saúde. Seguem-se, a 5 de janeiro, 303 mil doses, com os utentes e cuidadores em lares a entrarem neste lote. A 6 de janeiro a Agência Europeia do Medicamento volta a reunir-se para viabilizar, ou não, a introdução no mercado da vacina da Moderna, já em utilização nos EUA (como "uso de emergência).