Doentes com cancro da mama triplo negativo congratulam-se com a conclusão do processo de financiamento, pelo Infarmed, do fármaco pembrolizumab, reivindicado por milhares de pessoas. O acesso passa a ser transversal no SNS a todos os doentes, independentemente do estadio do cancro.
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A decisão do Infarmed, revelada hoje pelo JN, deixou os doentes de cancro da mama triplo negativo mais aliviados e com esperança no futuro. O rosto da satisfação era Vera Almeida, de 37 anos, que fez chegar à Assembleia da República uma petição com quase 30 mil assinaturas pela aprovação do medicamento. “É um alívio e fiquei bastante feliz”, diz ao JN.
Para a doente, que se viu obrigada a hipotecar a casa para suportar o custo do tratamento numa instituição privada, a decisão apenas “peca por tardia”.
“É a favor de todas as mulheres, todas as doentes com o cancro de mama triplo negativo. Fiquei bastante feliz por saber que, finalmente, todas as doentes vão poder ter acesso de forma gratuita e equitativamente”, acrescenta.
Ao JN, Vera Almeida explica que esta aprovação representa “um acesso direto como qualquer outro tratamento” que esteja aprovado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). Deixa de ser necessário uma autorização de utilização excecional. “Basta o médico prescrever e o doente tem acesso direto ao fármaco necessário na hora seguinte”, afirma.
"Vai salvar vidas"
“Este fármaco vai salvar vidas, o que ele faz de facto é potenciar a resposta da quimioterapia em conjunto com a mesma e aumenta a sobrevida das doentes e a probabilidade de resposta completa ao tratamento”, nota.
Recorde-se que Vera Almeida foi um dos rostos principais pelo acesso gratuito ao pembrolizumab. O processo iniciado no ano passado e, depois de duas petições com mais de 50 mil assinaturas terem sido apreciadas no Parlamento, chegou ao fim.
Os hospitais já podem usar o keytruda, nome do medicamento comercializado pela MSD, sem terem de recorrer a Autorizações de Utilização Excecional (AUE) e de pagar o preço da farmacêutica sem ser negociado.
O medicamento foi ainda aprovado para mais cinco indicações terapêuticas: cancros do colo do útero, colorretal, esófago, renal e melanoma.