Fevereiro foi o terceiro mês mais seco desde 1931. Choveu apenas 10% do normal para a época
Corpo do artigo
Fevereiro fica já nos registos climatológicos. Como sendo o terceiro mais seco de sempre, num mês em que choveu apenas 10% do que é normal para a época. Com o valor médio de temperatura máxima do ar a ser o segundo mais alto desde 1931. Com impactos diretos na situação de seca que o país atravessa. No final de fevereiro, dois terços do território estavam em seca extrema, a classe mais grave. O pior valor de que há registos.
Em apenas 15 dias, a proporção de território em seca extrema aumentou 72%, chegando no final do mês passado aos 66,2%, de acordo com o boletim climatológico do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) nesta manhã divulgado. Destacando-se os distritos de Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Leiria, Santarém, Setúbal, Évora, Beja e Faro. Seguem-se a seca severa, em 29,3% de Portugal continental; e, por fim, a moderada (4,5%).
Pior nível de sempre
Analisando períodos de secas anteriores, nunca, à presente data, Portugal registou semelhante nível de território em seca extrema, vinca o IPMA. Mesmo comparando com a seca de 2005, a mais intensa de que há registos, quando em fevereiro daquele ano a seca extrema respondia por 33%. Se considerado o total de percentagem do território nas classes de seca severa e extrema, a "atual situação é a segunda com maior percentagem (95%), a seguir à de 2012 (100%).
Cenário que se explica nos valores de temperatura máxima acima da média e de precipitação muito abaixo do normal para esta época do ano. De acordo com o boletim do IPMA, em fevereiro, o valor médio da quantidade de precipitação correspondeu "a apenas 10%" do normal (série 1971-2000). Sendo, assim, o terceiro fevereiro mais seco desde 1931, quando se iniciaram os registos - os mais secos tinham sido 2012 e 1934.
Sendo que, vinca aquele instituto, "em 70% dos últimos 30 anos o valor de precipitação em fevereiro foi inferior ao normal". Olhando a precipitação acumulada neste ano hidrológico, que se inicia em outubro, 2021/2022 é já o segundo mais seco, depois de 1999. Com valores "inferiores a 50% em relação à média".
Temperaturas elevadas
No que às temperaturas diz respeito, os valores de temperatura média do ar "foram superiores ao valor normal 1971-2000 em quase todo o território do Continente", numa média de +1.33C.º. Com destaque para as máximas, com desvios muito elevados: o valor médio, "17.38C.º, foi muito superior ao valor normal, +3.0C.º, sendo o segundo valor mais alto desde 1931", lê-se no documento. Com seis estações - Odemira, Alcobaça, Torres Vedras, Almada, Neves Corvo e Alcoutim - a ultrapassarem os recordes de temperatura máxima do ar para o mês de fevereiro.
De referir, ainda, que face a janeiro verificou-se uma diminuição da percentagem de água no solo nas regiões Norte e Centro, em particular nos distritos de Bragança e Guarda. Naqueles distritos bem como no Alentejo e Algarve os valores são já inferiores a 20%, "sendo que em muitos locais já se atingiu o ponto de emurchecimento permanente". Isto é, quando o teor de humidade do solo atinge níveis a partir dos quais as plantas são incapazes de extrair água.
Chuva vai manter-se
Questionado pelo JN sobre o impacto da precipitação dos últimos dias, o IPMA fez saber que só dia 15 será efetuado "um novo apuramento dos dados", altura em que se poderá "perceber o impacto das precipitações ocorridas". Para os próximos dias, a chuva irá manter-se.
De acordo com as previsões do IPMA feitas a 7 de março, a presente semana será marcada por "tempo mais chuvoso que o normal para a época do ano", com uma anomalia positiva (acima do normal) na precipitação total semanal em todo o território. Já a temperatura média nesta semana estará abaixo do normal.
Para a próxima semana, o IPMA mantém a previsão de tempo chuvoso, com valores de precipitação acima do normal para a época na região a sul do Sistema Montanhoso Montejunto-Estrela e interior Centro. Abaixo do normal, com anomalia negativa, a região do Minho e Douro Litoral, antecipam.