Domingos Andrade: Descentralização tornou-se "porto de abrigo para aliviar consciências"
O administrador e diretor-geral editorial da Global Media Group, Domingos de Andrade, considera que, embora regionalização e descentralização devessem ser "sinónimos", esta última se tornou um "porto de abrigo para aliviar consciências".
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Na sessão de abertura da conferência "Que Regionalização Queremos?", promovida pelo JN e que decorre esta quarta-feira em Setúbal, Domingos de Andrade caracterizou a regionalização como um processo "assombrado por avanços e recuos" e que continua a avançar a "um ritmo lento".
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O administrador da Global Media Group considerou que a implementação de eleições indiretas para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) "exclui a participação dos cidadãos", uma vez que o presidente de cada um desses organismos responde perante o Governo e não "perante quem o elegeu".
Domingos de Andrade considerou que as eleições nas CCDR são um exercício de "confusionismo democrático", citando uma expressão usada pelo ex-ministro socialista João Cravinho numa entrevista recente ao JN.
O administrador do grupo ao qual o JN pertence defendeu que a pandemia "mostrou a falta que faz um nível intermédio de legitimidade política". No entanto, para alguns opositores da regionalização, esta servirá de "pretexto" para novos adiamentos, acrescentou.
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Domingos de Andrade recordou também que, nos próximos dez anos, Portugal vai receber 6,4 mil milhões de euros "por ano e a fundo perdido", questionando se o Governo vai usar "critérios regionais que permitam combater a crescente desigualdade do país" ou se, por outro lado, "cairá na tentação" de canalizar a maioria dos recursos para Lisboa.