O reforço sazonal da vacina contra a covid-19, cuja campanha está prevista arrancar no próximo dia 5, só será administrado a pessoas com menos de 60 anos com patologias de risco. Incluindo-se neste grupo a faixa etária dos 12-17 anos, conforme recomendado pela Comissão Técnica de Vacinação. Os detalhes da estratégia serão conhecidos na próxima sexta-feira, no dia a seguir à tomada de posição da Agência Europeia do Medicamento (EMA) sobre as vacinas adaptadas à variante ómicron.
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Nas suas linhas orientadoras para o plano outono-inverno, a Direção-Geral da Saúde (DGS) inclui como elegíveis para a dose de reforço "adolescentes com 12-17 anos e pelo menos uma das comorbilidades" já identificadas, como sejam, por exemplo, neoplasia maligna ativa, diabetes, doenças neurológicas, cardiovasculares e pulmonares. Refira-se que para o grupo 5-11 anos a EMA não autorizou ainda aquele reforço. Relativamente à imunização de grávidas, não é conhecido ainda o parecer e, ao JN, a DGS remeteu mais informações para esta semana.
Decaimento de proteção
"Nas crianças e pessoas com menos de 60 anos com doenças de risco há benefício em fazer um reforço e serão consideradas prioritárias", explica ao JN Manuel Carmo Gomes, membro da Comissão Técnica. Já no caso das pessoas saudáveis daqueles grupos etários, "não é claro que o reforço traga alguma vantagem porque pretende evitar o decaimento contra doença grave e morte".
Numa posição interina sobre a estratégia de vacinação, datada de início de junho, aquele grupo de peritos referia que apesar de existir perda de efetividade após a 1.ª dose de reforço cinco a seis meses depois, a proteção contra as formas mais severas da doença mantém-se "acima dos 85% para a população com mais de 65 anos". Quanto à 2.ª toma de reforço, os estudos e os dados conhecidos sugerem que possa reduzir o risco de doença grave e morte em pessoas de risco.
Vacinas adaptadas
Em aberto está a vacina a ser administrada, aguardando-se a avaliação, na quinta-feira, pela EMA a dois pedidos de vacinas de mRNA covid-19 adaptadas que se aproximam da cepa original e da subvariante BA.1 da ómicron. Os pedidos foram apresentados pela Moderna e pela Pfizer/BioNTech. No dia seguinte, conforme já anunciado pela ministra da Saúde, a campanha de vacinação será apresentada em detalhe.
O epidemiologista Manuel Carmo Gomes admite que avance uma "vacina bivalente - com versão antiga do vírus [Wuhan] e versão ómicron BA.1", vincando que "não se deve atrasar o reforço nas pessoas de maior risco, mesmo com a vacina antiga, porque melhora a proteção". Posição também sublinhada pela DGS nas suas linhas orientadoras.
63% com 2.ª de reforço
Até 22 de agosto, 63% das pessoas com 80 ou mais anos tinham tomado a 2.ª dose de reforço, um valor abaixo do desejável. "Era melhor que fosse mais alto, mas tenho a esperança que não a tomaram por estarem à espera da campanha outono/inverno", afirma o epidemiologista. Já quanto à primeira toma, na faixa 18-24 anos fica-se pelos 54% e na 25-49 nos 67%. Relativamente ao esquema vacinal primário, menos de metade das crianças entre os 5 e os 11 o tem (43%), valor que sobe para os 97% nos 12-17.