Caminhadas juntam dezenas de pessoas todos os fins de semana para explorar os segredos do Porto. Dos Aliados ao Jardim da Cordoaria, da Torre dos Clérigos aos Loios, de São Bento à Rua de Sá da Bandeira, cada paragem é uma fonte de conhecimento, um foco redobrado de interesse, uma descoberta constante, um sentido abraço de proximidade à cidade.
Corpo do artigo
A manhã era de chuva mas nem isso demoveu o grupo de 30 caminhantes que se lançou a explorar o Porto com outros olhos. O entusiasmo visível aumentava à medida que o guia, o professor universitário Nuno Gramaxo, ia descrevendo pormenores únicos das ruas que os participantes percorrem ao longo de cinco quilómetros, em mais de hora e meia de percurso.
14884899
Em cada esquina, casa, ou monumento há sempre algo novo para contar naquela que é mais uma edição da iniciativa "Porto Saudável", idealizada pela Câmara Municipal, e que todos os fins de semana convida de forma gratuita os cidadãos, da cidade e não só, a conhecerem de perto o muito que há para ver na Invicta e que vai escapando a observação atenta durante os dias agitados do quotidiano.
"O objetivo é incentivar toda a comunidade à prática de exercício físico e juntar a isso uma vertente cultural de conhecimento, que passa por dar a conhecer pontos de interesse historicamente relevantes", explica Ricardo Moreira, diretor de Desporto da empresa municipal Ágora, responsável pela organização.
Vamos reparando no que passa despercebido no dia a dia
Vestidos a preceito com roupas leves e/ou desportivas, os participantes abrem sorrisos de espanto à medida que vão sabendo aspetos particulares de caminhos que lhes pareciam conhecidos mas que escondem pormenores revelados como quem desvenda segredos bem guardados.
"Vamos reparando no que passa despercebido no dia a dia", resume Laurinda Afonso, professora, 57 anos. "No fundo, é praticamente como se fôssemos turistas dentro do próprio sítio onde vivemos, uma experiência única", diz.
A beleza do Porto, e da generalidade das cidades, está no topo e não à superfície
Ao lado, o italiano Ricardo Di Cori, de Roma mas a trabalhar no Porto como tradutor já lá vão três anos, dá por si a pensar como "se passa num determinado sítio mil vezes e não se sabe a história imensa que guarda". E assinala que as caminhadas urbanas são "a melhor forma" de ver as cidades por dentro. "Além de que depois podemos partilhar online tudo o que ficamos a conhecer", descreve.
O segredo, esse, é um só. Fórmula simples que parece resultar em pleno durante os longos minutos de cidade calcorreada com interesse: "Olhar para cima em vez de olhar em frente. Porque a beleza do Porto, e da generalidade das cidades, está no topo e não à superfície", aponta Nuno Gramaxo, enquanto desbrava caminhos e os apresenta aos participantes. Rua a rua, porta a porta. Para que todos fiquem a saber que o Porto tem muito que contar.