Se os votos brancos e nulos fossem um partido, teriam sido o quinto mais votado nas eleições de domingo, à frente do CDS. Seriam, aliás, um dos poucos partidos com tendência para crescer. Os seus eleitores teriam garantido uma bancada de 10 deputados.
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Atribuir lugares aos votos brancos e nulos? Talvez não seja assim tão absurdo. Até já teve direito a proposta formal do líder de um grande partido. Entre as ideias apresentadas em campanha por Rui Rio estava a reforma do sistema eleitoral e a possibilidade de entregar cadeiras vazias proporcionais ao número de votos em branco (o líder social-democrata não incluía os votos nulos na proposta).
O JN fez as contas ao que aconteceria se os resultados fossem os deste domingo e se houvesse um único círculo eleitoral no país. O partido dos brancos e nulos teria sido o quinto mais votado (um pouco mais de 218 mil votos) e passaria a ser a quinta maior bancada parlamentar, com 10 cadeiras vazias (tantas quantas as que ocupariam os deputados do CDS, por exemplo).
O PS, que foi o partido mais votado, teria menos duas dezenas de deputados, graças ao efeito conjugado de um círculo único a nível nacional e da consignação de cadeiras aos brancos e nulos: passaria de um grupo de 106 para 86 eleitos. O PSD teria menos uma dúzia, para ficar nos 65. A partir daí, na verdade, já nenhum partido ficaria a perder. Bem pelo contrário.
O BE passaria dos 19 que teve para 22; a CDU de 12 para 15; o CDS de 5 para 10; o PAN de 4 para 7. No que diz respeito aos novos partidos, o Chega e o Iniciativa Liberal passariam de 1 para 3; e o Livre de 1 para 2. As cadeiras vazias, num cenário de maior proporcionalidade, não impediriam sequer a entrada de mais três partidos no Parlamento: Aliança, RIR e PCTP-MRPP teriam um deputado cada.