Um dia depois do terramoto político que abalou o país, há mais dúvidas que certezas. O presidente convoca eleições? Convocando-as, surgirá uma alternativa à Direita do PS? Com que partidos? É certo que as sondagens feitas até aqui não servem para tentar prever o futuro, mas ajudam a perceber qual é o ponto de partida.
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Se há preocupação que tem estado presente, de forma regular, no discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, é o da dificuldade em vislumbrar uma alternativa política à atual maioria absoluta. Dessa preocupação deu conta o presidente em vários momentos deste ano conturbado. Em abril passado, e socorrendo-se das sondagens, afirmava que “neste momento, não há uma alternativa óbvia em termos políticos”. E em maio precisava que, à Direita, havia uma “alternativa aritmética”, mas não uma “alternativa política”.
Ainda antes, quando caiu o ministro Pedro Nuno Santos e aumentava a pressão para dissolver o Parlamento e convocar eleições, foi ainda mais explícito sobre o risco de entrar num beco sem saída: “Imagine que [o presidente] usa a arma atómica e que o povo confirma o partido [PS] no Governo… já viu a posição em que deixava o presidente da República?”