HeliBravo recruta hélis a empresas investigadas para garantir meios por quatro anos. Concorrência contesta concurso ganho com valor muito inferior ao previsto.
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A empresa FAASA, investigada em Espanha e Portugal por concertação dos preços de meios aéreos de combates a fogos, e a Elitellina, a braços com idênticos problemas em Itália, vão fornecer a maioria dos 30 helicópteros que a portuguesa HeliBravo precisou de garantir para ganhar o concurso lançado pela Força Aérea.
A empresa nacional apresentou valores muito abaixo dos 66,256 milhões que o Estado estava disposto a pagar por sete de nove lotes de aeronaves [ler ficha ao lado], de acordo com o relatório do júri do concurso a que o JN acedeu. A empresa vai cobrar 35,5 milhões de euros, quase metade do que previa o concurso. Recorde-se que, no ano passado, o primeiro-ministro acusou as empresas de cartelização por terem pedido o dobro do valor nos concursos de meios aéreos para dois anos, pedindo uma investigação à PGR.
"Crossfire" não dá nada?
Apanhada de surpresa e afastada do mercado até 2022 - tempo de duração dos contratos -, a concorrência questionou anteontem a vitória da HeliBravo, no último dia do prazo de contestação. Do grupo de derrotadas, onde estão outras duas espanholas suspeitas de cartelização e uma moldava, a HTA levantou dúvidas junto do júri sobre os preços e a capacidade do operador conseguir assegurar o trabalho, apurou o JN. Ligada à HeliBravo há vários anos em Espanha - juntas, em 2018, conseguiram um contrato avultado na região de Castilla/La Mancha - e agora com o nome de Pegasus, a FAASA é uma de seis empresas espanholas de extinção de fogos que terão lesado o Estado português e o país vizinho em vários milhões de euros.
São suspeitas de, durante anos, concertarem preços e viciarem concursos através de ligações a decisores públicos. Já a Elitellina, que em 2018 colocou aeronaves ao serviços da HeliBravo, está acusada de prejudicar o Estado italiano em 12 milhões de euros.
Em Portugal, a operação "Crossfire", que o Ministério Público lidera há três anos, não produziu ainda qualquer acusação. Ao JN, a Procuradoria-Geral da República só sublinhou que "existem investigações em curso relativas à matéria".
Quer o Ministério da Defesa, quer a Força Aérea não responderam às questões do JN. A HeliBravo também não esteve disponível para comentar a estratégia adotada para ganhar o concurso.
Ao JN, fonte da Babcock Portugal - filial da multinacional britânica que voa os hélis do INEM - acusou a FAASA de ter "usado Portugal numa cartada de alto risco" em resposta à derrota que sofreu em Espanha. "Foi uma forma de nos prejudicarem depois de terem perdido para nós, a Babcock Espanha, oito bases de Bell 412/212 [hélis] na Andaluzia", explicou.
DIRETIVA
344 EIP no país
As corporações de bombeiros vão ter, a partir de 1 junho, mais 41 equipas de intervenção permanente (EIP), cada um com cinco elementos, passando a existir 344 no país, indica a Diretiva Operacional Nacional (DON), aprovada no Conselho Nacional de Proteção Civil.
Porto com mais oito
O Porto vai ter mais oito equipas, Setúbal e Vila Real seis, Leiria e Lisboa cinco e Portalegre mais quatro. Para Viseu irão mais três EIP, Braga duas, Coimbra e Aveiro ganham mais uma cada, num total de 205 elementos.