Oito funcionários da Câmara Municipal de Felgueiras emprestaram o rosto ao drama da violência doméstica e, esta segunda-feira, fizeram atendimento aos munícipes caracterizados com marcas de agressões. Esta iniciativa, promovida pelo município, visou assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres.
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À chegada ao átrio da autarquia felgueirense, no balcão da receção, Manuela Costa recebeu os munícipes com um aspeto bem diferente do habitual. Tinha uma nódoa negra no rosto e um golpe no lábio. "Houve pessoas que aqui chegaram e ficaram com muita pena. Algumas disseram-me inclusive que também sofreram do mesmo e que denunciaram", afirmou a funcionária da autarquia, acrescentando que houve até quem ficasse "bloqueado" e tivesse "desviado olhar", antes de iniciar a conversa.
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Já nos serviços, mais sete rostos caracterizados pretenderam causar impacto para uma problemática que este ano já deu origem a 127 queixas, só no concelho de Felgueiras. "É preciso mostrar a realidade, mais do que falar", explicou Alzira Ferreira, certa de que conseguiram passar a mensagem.
Entre os funcionários, dois do sexo masculino também quiseram associar-se e mostrar que a violência doméstica não existe só contra as mulheres. Para Pedro Faria, é preciso mostrar às pessoas "que existem outras formas de comunicar além da violência; e esta iniciativa procurou fazer isso mesmo".
Num primeiro momento, os munícipes entranharam e fizeram perguntas; mas quando perceberam o objetivo, enalteceram a importância da sensibilização e louvaram a iniciativa. "Admiro a iniciativa, é uma maneira das pessoas caírem nesta realidade. E as imagens valem mais do que as palavras", declarou José Cunha. "Ver a nódoa negra, o corte e o hematoma, choca muito mais", acrescentou o munícipe Alexandre Pinto.
127 queixas em 2109 em Felgueiras
No dia em que se assinalou o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, a autarquia felgueirense quis realizar uma ação de sensibilização, "junto da população", para uma problemática que atinge todo o país e que tem crescido também em Felgueiras. "Temos bastantes casos registados em Felgueiras, 127 casos, mas entendemos que nem que fosse um já era muito", afirmou Nuno Fonseca, o edil municipal, destacando a necessidade de diminuir e eliminar a violência.
Neste sentido, a autarquia tem trabalho em conjunto com outros agentes locais, nomeadamente com a GNR. "Este crime é para nós de investigação prioritária e há uma grande aposta ao nível da formação dos militares no âmbito do crime de violência doméstica", referiu o capitão Zidane, da GNR de Felgueiras, dando nota de que este ano a GNR já realizou em Felgueiras 27 ações de sensibilização junto da comunidade.