Mais de 43 mil vítimas de violência doméstica apoiadas pela APAV em cinco anos
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou em cinco anos mais de 100 mil crimes em contexto de violência doméstica e apoiou mais de 43 mil pessoas, 86% das quais mulheres.
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Num conjunto de estatísticas que abrangem o período 2013-2018 divulgadas esta segunda-feira, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a APAV lembra que registou um total de 43.456 processos de apoio a pessoas vítimas de violência doméstica, o que se traduz num total de 104.729 crimes.
Com idades compreendidas entre os 26 e os 55 anos (cerca de 42%), as vítimas de violência doméstica eram sobretudo mulheres casadas (33,7%) e pertenciam a um tipo de família nuclear com filhos/as (41,2%).
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Tendo em conta o tipo de problemáticas existentes, prevalece o tipo de vitimação continuada em cerca de 80% das situações, com uma duração média entre os dois e os seis anos (16,9%). Os dados da APAV indicam que a residência foi o local mais escolhido para a "ocorrência dos crimes" em cerca de 64% das situações.
Já as queixas/denúncias registadas ficam-se nos 41,2% face ao total de autores/as de crime assinalados. As vítimas continuam a ser maioritariamente do sexo feminino - cerca de 86 % - a mesma percentagem de autores do crime/agressores do sexo masculino.
"O fenómeno da violência doméstica contra as mulheres abrange vítimas de todas as condições e estratos sociais e económicos. A violência - física, psicológica, sexual, financeira - não pode ser tolerada", sublinha a APAV.
No âmbito do Dia pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, a APAV refere que se associa à campanha #Ditados Impopulares, promovida pela República Portuguesa e pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), e promove exposições, sessões e ações de sensibilização por todo o país, através dos seus gabinetes de apoio à vítima.
Os dados divulgados na passada sexta-feira pelo Governo indicam que 33 pessoas foram mortas este ano em contexto de violência doméstica, entre as quais 25 mulheres adultas, uma criança e sete homens.
Segundo revelou a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, entre janeiro e setembro deste ano, comparando com o período homólogo do ano passado, houve "um aumento de mais de 10% das ocorrências participadas à PSP e à GNR", além de um "aumento da capacidade de resposta da rede nacional de apoio às vítimas de violência doméstica, que tem hoje uma subida nos atendimentos na ordem dos 23%".
No mesmo dia, a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), num balanço dos últimos 15 anos, indicou que foram assassinadas neste período mais de 500 mulheres em contexto de relações de intimidade e que, só este ano, morreram 28, algumas baleadas, outras estranguladas ou espancadas.