
Maria João Gregório defendeu a redução a uma vez por semana da carne vermelha nos refeitórios das instituições públicas
Rui Manuel Fonseca/Global Imagens
Dentro de oito anos, os erros alimentares, o excesso de peso e a obesidade serão responsáveis por mais de um quarto dos óbitos da população portuguesa. E há quem defenda a redução do consumo de carne vermelha a uma vez por semana.
Corpo do artigo
Hábitos errados levam a coordenadora do programa da alimentação saudável, da Direção-Geral da Saúde, a defender um corte na aquisição de carne vermelha, que signifique reduzir a oferta daquele alimento nas instituições públicas a apenas uma vez por semana.
A projeção de óbitos para 2030 é feita no Plano Nacional de Saúde (PNS) 2021-2030, apresentado ontem, Dia Mundial da Saúde. Apesar da margem de erro e de algumas incertezas não calculadas, é reveladora do impacto da alimentação na saúde. As doenças atribuíveis à hipertensão terão o maior peso na mortalidade em 2030 (15,3%), mas as doenças associadas a erros alimentares (13,9%) e ao excesso de peso e a obesidade (11,9%) juntas serão ainda mais impactantes.
Melhores políticas públicas
Na sessão de apresentação do PNS, que decorreu no auditório do Infarmed, a coordenadora nacional do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável realçou o consumo execessivo de carne vermelha, prejudicial à saúde e ao planeta. Nesse contexto, abordou a necessidade de introduzir alterações alimentares, que passam por ajustar o consumo às necessidades, e que podem ser impulsionadas por políticas públicas. Além de medidas como a redução das bebidas açucaradas e da promoção da água da torneira, através da criação de bebedouros públicos (já em curso), Maria João Gregório defendeu a redução a uma vez por semana da carne vermelha nos refeitórios das instituições públicas.
O Plano Nacional de Saúde 2021-2030, que está a ser desenhado desde 2009 e contou com a participação de mais de uma centena de entidades, entrou ontem em consulta pública e tem pela primeira vez um horizonte a dez anos. Com o mote "Saúde Sustentável: de tod@s para tod@s", foca-se na melhoria da saúde da população e redução das iniquidades, com a simultânea preocupação da preservação do planeta.
Desafios a enfrentar
As doenças do aparelho circulatório e os cancros são os desafios de maior magnitude. Há também os de elevado potencial de risco (mortalidade materna e doenças transmitidas pela água) e de potencial de risco em ascensão (alterações climáticas, catástrofes naturais, etc). Os objetivos propostos no plano serão avaliados em 2025, 2028 e 2030.
Presente na sessão, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Lacerda Sales destacou como prioridades a redução das desigualdades, a melhoria do acesso aos cuidados de saúde e a aproximação do SNS ao cidadão.
