Sónia Miranda fez tratamento com produto para perder peso que custa 250 euros. Perdeu 30 quilogramas num ano e meio mas não conseguiu aguentar a despesa mais tempo e engordou quase o dobro.
Corpo do artigo
Os problemas começaram quando ficou grávida pela primeira gravidez, aos 21 anos, e após um despedimento inesperado. Durante a gestação, Sónia engordou mais do que devia e, quando deu por ela, já não conseguia voltar atrás. A isso somou-se o processo de saída da fábrica onde trabalhava desde miúda. Deixou-a transtornada e só a comida lhe acalmava os nervos.
Sónia Miranda tem 43 anos, quase metade vividos numa espécie de "ioió", com o corpo a inchar e a desinchar ao sabor de dietas sem acompanhamento, suplementos e medicamentos que, numa primeira fase, resultaram, mas depois, na hora do "desmame", pioraram tudo.
Sempre que se deparava com situações que a deixavam nervosa e ansiosa, Sónia comia compulsivamente. Era capaz de engolir quatro pães sem se aperceber.
A primeira vez que perdeu peso a sério tinha 32 anos. Com "produtos diuréticos caríssimos" e acompanhamento profissional emagreceu 28 quilogramas em ano e meio. Mas mal começou a reduzir o consumo daqueles "produtos naturais", "o corpo voltou a pedir comida" e engordou quase 50 quilogramas.
Num ápice, a balança atirou-a para lá dos cem, afundando-lhe a autoestima e travando-lhe a mobilidade. "Quase não tinha força para subir para o autocarro", conta. Por sorte, não tinha diabetes, hipertensão ou outras complicações associadas à obesidade.
Sónia estava perto dos 120 quilogramas quando decidiu procurar uma especialista em endocrinologia que viu na televisão. "Recomendou-me o Saxenda e o Risidon, uma medicação para a diabetes que sabia que eu não tinha, mas era para retirar o açúcar do sangue", recorda.
15076158
Num mês emagreceu 15 quilogramas, um recorde que não esquece. O problema era o preço. Só o "Saxenda", com cinco canetas injetáveis, custava 250 euros. Ao todo, conseguiu comprar duas embalagens e perdeu 30 quilogramas num ano e meio. Sem dietas rigorosas e com pouco exercício físico, parecia milagre. Mas quando a carteira se queixou e sentiu alguns efeitos secundários do medicamento para a diabetes, deixou tudo e o pesadelo voltou, com a balança a somar cada vez mais dígitos. "Eu sabia que fazia efeito, mas não continuei com o Saxenda porque era muito caro, não dava mesmo", explica.
Anos antes, aconselhada por um cirurgião vascular, Sónia tinha pedido à médica de família para a inscrever para cirurgia bariátrica. Acabou por ser chamada e foi operada no Hospital de S. João, no Porto, em julho de 2021. Num ano, perdeu quase 50 quilogramas, ganhou autoestima e encontrou de novo posição para dormir tranquilamente. "Estou irreconhecível, ganhei saúde e muita qualidade de vida."