Espaço com "passadeira da vergonha" é da "responsabilidade do empreiteiro da obra"
O secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, Paulo Vizeu Pinheiro, disse, em comunicado, que espaço onde Bordalo II estendeu uma "passadeira da vergonha" é da "responsabilidade do empreiteiro da obra" e "da empresa privada contratada para o serviço de segurança".
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Segundo a nota, "a área em causa é da responsabilidade da PSP [Polícia de Segurança Pública]", mas, por "decorrerem trabalhos de construção na zona do palco, o espaço ainda não é considerado um espaço público, sendo responsabilidade do empreiteiro da obra, bem como da empresa privada contratada para o serviço de segurança".
"Nesta fase, o fluxo de construção obriga à entrada e saída de muitos funcionários nas diferentes áreas do recinto", explicou Paulo Vizeu Pinheiro na nota, destacando que "o plano setorial de segurança do Parque Tejo só será colocado em vigor a partir do momento em que a obra esteja concluída".
Ainda de acordo com a nota, "antes dos eventos e logo após implementação do plano setorial de segurança, será efetuada uma vistoria aos recintos por parte da PSP e que os mesmos só serão abertos após confirmação de que reúnem as necessárias condições de segurança".
"O SSI encontra-se a acompanhar de perto a situação e a articular com a PSP as medidas necessárias a acautelar a segurança do recinto", acrescentou.
A instalação do artista português, intitulada "Walk of Shame" ("passadeira da vergonha", numa tradução livre para português), composta por reproduções 'gigantes' de notas de 500 euros em sequência, foi divulgada pelo próprio na rede social Instagram, com imagens da produção e instalação no palco-altar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo.
Moedas nega falta de segurança no Parque Tejo e defende liberdade artística
Sobre o mesmo assunto, o presidente da Câmara de Lisboa negou, esta sexta-feira, que haja falta de segurança no palco-altar no Parque Tejo, construído para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), e defendeu que jovens como Bordalo II têm "toda a liberdade artística".
"Os protagonistas destas jornadas são jovens, os jovens que acreditam, os jovens que não acreditam, os jovens que são religiosos, os jovens que têm diferentes religiões e tudo isso faz parte da Jornada e, portanto, ali, por exemplo, [...] é de um artista que todos gostamos, portanto faz parte também da participação das Jornadas que todos sejam ouvidos", afirmou Carlos Moedas (PSD).
Em declaração aos jornalistas, à margem da ativação do Centro de Coordenação Operacional Municipal para a JMJ, o presidente da Câmara de Lisboa garantiu que a intervenção artística não reflete um problema de segurança, mas ainda vai "apurar exatamente" o que aconteceu.
"Estamos a falar de algo que é um espaço que é da cidade. Aquele espaço vai ser da cidade. Este evento é da cidade. Não estamos a falar aqui de segurança", disse o autarca.
Carlos Moedas reforçou que "a segurança é o papel do Estado", em que a prioridade é a segurança das pessoas e do Papa Francisco, e defendeu uma cidade aberta, na qual "alguém que queria ir ver o palco, vai ver o palco", ainda que haja restrições durante a JMJ, reforçando que "não se passou nada de mal" com a intervenção do artista Bordalo II.
"Aliás, é com um artista que todos nós conhecemos, que tem feito muitos trabalhos para a câmara e que ali mostrou a sua voz [...]. O que temos aqui não é um problema de segurança, é um artista que quis exprimir. E viva a diversidade, viva a arte", declarou.
Questionado se não tivesse sido um artista a intervir, o presidente da câmara defendeu que "a cidade é as pessoas poderem exprimir-se". "Não tínhamos ali um ato que estava numa iminência de fazer ou de destruir o palco [...]. Vamos apurar exatamente o que é que aconteceu. Não me parece que isso seja grave. Aquilo que nós estamos aqui a fazer não tem nada a ver com isso, porque essa segurança é uma segurança que o Estado assegura, através da Polícia de Segurança Pública", apontou.
O autarca garantiu que o palco-altar no Parque Tejo, construído para a JMJ, num investimento da Câmara de Lisboa de 2,9 milhões de euros, "está bem seguro" e que "os trabalhos decorreram muito bem".
"Houve um artista e tem toda a liberdade artística para o fazer, de ter ido lá, de ter feito uma brincadeira. É, obviamente, responsável a segurança que lá estava, mas que o deixaram entrar por ser um artista conhecido. Estou ainda a apurar os factos", adiantou, acolhendo a intervenção artística de Bordalo II com "muita graça".
"Não sei do que é que ele estava disfarçado, nem me interessa [...]. Tanto se falou do palco, afinal o palco atrai muita gente e até atrai artistas que vão lá fazer instalações", realçou Carlos Moedas, afirmando que a infraestrutura, após a JMJ, "vai ser muita coisa, até vai atrair artistas que vão valorizar o palco com obras e instalações".
Sobre se a situação tivesse sido de vandalização do palco-altar, inclusive com 'grafittis', o autarca assegurou que "isso não teria acontecido", reiterando que o que aconteceu foi uma expressão artística: "Eu divirto-me imenso, porque o artista é um artista conhecido, conhecido das pessoas da câmara e não estava lá a vandalizar nada".
Em relação à possibilidade de acontecerem protestos durante a JMJ, Carlos Moedas deu como exemplo os anteriores eventos em Madrid (Espanha) e em Cracóvia (Polónia), referindo que "há sempre pequenos incidentes, mas esses pequenos incidentes fazem parte daquilo que o Papa também acredita que esta jornada é, que é que as pessoas se possam exprimir".
Os protagonistas da JMJ são os jovens e o evento é, também, para "jovens como o Borbalo participarem", indicou o presidente da câmara, afastando a necessidade de, neste momento, existir "segurança de Estado em relação ao palco".
"Quando lá estiver o Papa podem acreditar que a segurança vai estar no seu máximo, porque está ali uma entidade. Naquele momento, é o palco e eu fico muito contente, fico verdadeiramente contente, que haja interesse e que vão lá e que façam", acrescentou, pedindo que, nos dias da JMJ, haja "alguma atenção" relativamente a manifestações.
"Vamos ter de, realmente, ter ali segurança, mas não é para estar a impedir que as pessoas vão ver o palco e que ponha um tapete com notas. Façam o que entenderem, mas espero que não o façam, obviamente, é isso que eu penso, mas não me parece que isso seja a notícia do dia", apelou.
Considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, a JMJ vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto, com a presença do Papa Francisco, sendo esperadas mais de um milhão de pessoas.