PCP quer alianças e Costa diz que não governará sozinho apesar da sua maioria. O Governo pode tomar posse já em fevereiro. O Orçamento do Estado espera pelo verão.
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Um PS de "mãos livres" foi o cenário que PCP e Bloco de Esquerda tentaram combater, sem sucesso. Mas Costa garantiu, já depois da meia-noite, que "uma maioria absoluta não é poder absoluto, não é governar sozinho". É sim "uma responsabilidade acrescida", contrapôs, garantindo "diálogo". Antes disso, Jerónimo de Sousa disse que Costa tinha a opção de convergir com a CDU, em vez de se entender com o PSD. Mas Catarina Martins mostrou não acreditar em margens para diálogo, quando o PS concretizava a sua maioria.
Agora, o Governo vai acelerar a tomada de posse, que poderá ser já em fevereiro ou início de março, bem como a apresentação do programa no Parlamento, rumo à aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2022. Porém, mesmo um calendário sem sobressaltos atira a entrada em vigor do OE para o verão, após meio ano de duodécimos e de medidas congeladas que foram aprovadas pelas esquerdas contra a crise pandémica. Tudo depende da rapidez com que seja desenhada ou adaptada a proposta.
PCP garante abertura
Em 2019, o PS conseguiu 108 deputados num hemiciclo de 230, procurando garantir nos parceiros da Esquerda pelo menos os oito votos necessários para a maioria de 116 eleitos.
O BE teve 19 em 2019, a CDU 12 (10 do PCP + dois do PEV) e o PAN quatro. O OE para 2022 foi chumbado após os membros da geringonça (BE, PCP e PEV) terem decidido votar contra. Mas o PAN absteve-se.
Apesar dos ataques a Costa, Jerónimo de Sousa manteve ontem a disponibilidade para acordos. "O PS tem na mão a opção de se entender com o PSD ou de promover entendimentos com a CDU", disse o secretário-geral do PCP. E ressalvou que o PEV deixa de ter assento parlamentar.
Acusando o PS de "se apropriar dos avanços" conseguidos no âmbito do OE, apontou medidas para acordos, como o aumento dos salários, desde logo do salário mínimo nacional, a revogação da legislação laboral da troika; a gratuidade das creches; e o reforço do Serviço Nacional de Saúde.
Com todos, menos Chega
Catarina Martins garantiu que chumbar o OE não foi "tática eleitoral". Mas instada sobre se está disposta a negociar com Costa, deu como certa a maioria absoluta para recusar um cenário de diálogo. Entretanto, PAN e Livre já abriram a porta a acordos com o PS.
O resultado desejado por Costa, face ao desaire dos ex-parceiros, pode evitar uma maratona de negociações, mas resta saber até que ponto Costa manterá esta promessa, já feita no calor das sondagens, quando estava taco a taco com o PSD, de que irá dialogar com todos, menos com o Chega.
Amanhã e depois, os líderes partidários são recebidos em Belém. O Executivo entra em plenitude de funções após o seu programa ser apreciado pelo Parlamento, cuja rejeição implica a demissão do Governo.