Estudantes vão acampar esta noite na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) em solidariedade com os quatro ativistas do movimento "Fim ao Fóssil - Ocupa!", que foram detidos em novembro. Está também marcada uma concentração para a tarde de sexta-feira no Campus da Justiça, em Lisboa, dia em que os ativistas deverão conhecer a sentença.
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Sob o mote "Quando a crise é lei, somos todas criminosas", estudantes, ativistas, pais e professores vão acampar esta noite, a partir das 21 horas, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para demonstrar o seu apoio aos quatro ativistas do movimento "Fim ao Fóssil - Ocupa!" que vão ser presentes a tribunal para conhecer a sua sentença na sexta-feira.
"Este é um acampamento solidário e, acima de tudo, um apelo para que estas pessoas não sejam condenadas por desobediência civil. Nem 25 anos têm. É injusto ficarem com cadastro por lutarem pelo clima", disse, ao JN, Matilde Alvim, uma das estudantes envolvidas na organização dos protestos.
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O movimento civil irá ainda concentrar-se esta sexta-feira, pelas 15 horas, em frente ao Tribunal da Justiça, no Campus da Justiça, em Lisboa. "A nossa esperança é que sejam absolvidos, nunca deviam de ter sido detidos. Não deviam sequer estar em julgamento, é totalmente injusto", defendeu Matilde Alvim.
Para Matilde Alvim, a condenação dos jovens será "um precedente perigoso" para todos os ativistas climáticos. Por isso, garante que não vão "aceitar que se normalize a criminalização do protesto em plena crise climática".
Além destas ações de solidariedade, existe um manifesto internacional "em que mais de 50 professores e académicos demonstraram apoio aos quatro estudantes da faculdade", contou a jovem.
Recorde-se que estes quatro ativistas foram detidos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa - onde permaneceram cinco dias - na noite de 11 de novembro, após o diretor da faculdade Miguel Tamen ter chamado a polícia às instalações para os retirar, alegando que estavam a impedir o normal funcionamento da faculdade.
A iniciativa na faculdade esteve integrada num movimento mundial de ocupação de escolas e universidades, de forma pacífica, para chamar a atenção para as alterações climáticas e o fim dos combustíveis fósseis até 2030, que decorreu durante a COP 27. Em Portugal, os jovens exigiam também a demissão do Ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva.