Margarida foi uma das 60 participantes em iniciativa para estudar disfunção ovulatória. Faltam voluntárias.
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Margarida Veiga, enfermeira natural de Amares, com 31 anos, sabia, há vários anos, que tinha ciclos menstruais irregulares. Não deu importância ao problema até, no final do último ano, começar a pensar em engravidar. Por "sorte", foi nessa altura, início de dezembro, que se cruzou com o estudo sobre a disfunção ovulatória - de médicos e investigadores da Escola de Medicina da Universidade do Minho e dos hospitais de Braga, Famalicão e Guimarães - e decidiu participar no projeto. Está grávida de quase quatro meses da bebé Alice.
O médico especialista em Ginecologia-Obstetrícia Rui Miguelote é o coordenador do projeto e foi através das redes sociais que Margarida viu uma oportunidade de corrigir a sua disfunção. "O estudo surgiu na altura certa. Quando comecei a pensar em engravidar, vi a partilha no Facebook. Fiz a inscrição e o inquérito inicial e, com a doutora Vanessa Silva [que também encabeça o estudo], acertámos os timings", recorda a enfermeira do hospital de Guimarães, confessando que "sempre [teve] perceção de que, quando quisesse engravidar, teria de pedir ajuda".
No seu caso, concluiu-se que o problema estava associado à síndrome do ovário poliquístico e foi resolvido de forma simples e rápida. Passado um período obrigatório de três meses sem tomar a pílula, Margarida Veiga realizou a consulta e uma ecografia. Dois meses depois seguiram-se análises ao sangue e, como queria engravidar, passou à segunda fase do estudo, que testa a resposta à medicação.
Bastou um indutor de ovulação, com cinco comprimidos. "Sabendo o dia em que ovulei, teria de menstruar 14 dias depois. Como não menstruei, esperei três ou quatro dias [até fazer o teste de gravidez]. A doutora até disse para esperar mais, mas a ansiedade era muita", recorda.
Precisas 60 mulheres
Rui Miguelote e Vanessa Silva já conseguiram 60 participantes para estudar as causas da disfunção ovulatória, mas precisam de mais 60 mulheres, entre os 18 e 38 anos, que tenham ciclos menstruais irregulares com duração superior a 36 dias, que não menstruem se não tomarem a pílula ou que já tenham diagnóstico de ovários poliquísticos ou síndrome do ovário poliquístico. Podem inscrever-se no site do projeto (www.inovulacao.com).
Vanessa Silva adianta que, entre as primeiras 60 participantes, das 10 que tinham interesse em engravidar, houve mais um caso de sucesso, que não derivou da medicação, como aconteceu com Margarida, mas da mudança do estilo de vida.
"Foi alertada para o stress e erros alimentares que poderiam estar a provocar as irregularidades menstruais e, com isso, acabou por engravidar espontaneamente", conta a médica, sublinhando que o estudo avalia vários fatores através de um inquérito psicológico.
A disfunção ovulatória é a principal causa de ciclos menstruais irregulares (mais de 90% dos casos) e a principal causa de infertilidade feminina (35% dos casos). Quantificar o contributo do stress psicológico para a desregulação é uma das questões a que os investigadores querem responder.